terça-feira, 20 de maio de 2014

Fuga para o Egipto. Adam Elsheimer

Adam Elsheimer (1574-1620), The Flight into Egypt, ca. 1605 

Adam Elsheimer, The Flight into Egypt, ca 1609.



8 comentários:

  1. Depois de haverem partido, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José, dizendo:
    -"Levanta-te, toma contigo o menino e sua mãe, e foge para o Egipto, e fica aí até que eu te chame; pois Herodes há de procurar o menino para matá-lo".
    José levantou-se, tomou de noite o menino e sua mãe e partiu para o Egipto, e ali ficou até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que dissera o Senhor pelo profeta:
    -"Do Egipto chamei a meu filho".

    Evangelho de Jesus Cristo, segundo S. Mateus, 2:13-15

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  2. “O Massacre dos Inocentes” – Respiração

    Em cada adeus,
    Um aceno, uma chegada…
    Em cada astro,
    Um siderar a morte…
    Em cada fóssil,
    Uma senda, uma vontade…
    Em cada peito,
    Um erguer, uma balada…
    Em cada sentido,
    Uma estação, um instinto…
    Em cada hora,
    Uma angústia, um arrepio…
    Em cada medo,
    Uma alegria, um verbo…
    Em cada fuga,
    Um som igual a pausa…
    Em cada cor,
    Uma noite, um sonho…
    Em cada dia
    A vida, um respirar...
    Um alento do amanhecer
    Em cada instante!

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  3. ANDORINHA
    Serei o quarto.
    Vou.
    Mas não parto.

    "A mulher permanecia sentada, quieta, com as mãos pousadas no regaço. Mas os olhares que lançava pelo deserto deixavam perceber que chegara a extrema aflição.
    A palmeira ouvia o sussurro triste das folhas cada vez mais forte.
    Também a mulher devia ter ouvido, pois ergueu o olhar espantado lá para cima, para a copa da palmeira. E, no mesmo instante, levantou os braços ao céu.
    - Tâmaras! Tâmaras! - gritou.
    Havia na sua voz tal angústia que a árvore lastimou não ser da altura de um arbusto para que as tâmaras fossem tão acessíveis como os botões de uma roseira. Sabia que a sua copa estava cheia de frutos deliciosos, mas também sabia que nenhum ser humano seria capaz de os alcançar.
    O homem já notara que seria inútil qualquer esforço. Nem ergueu a cabeça, e pediu à mulher que não desejasse o impossível.
    Mas o menino, que andava por ali a brincar, ouviu o grito da mulher. Estava convencido de que a mãe podia obter tudo quanto desejasse.
    Pôs-se a olhar para a palmeira e a cogitar como seria possível deitar abaixo as tâmaras. Sob os caracóis, a testa franziu-se-lhe e o sorriso desapareceu-lhe da face.
    De súbito, resoluto, dirigiu-se à velha árvore, tocou-lhe com a mão e ordenou-lhe, na sua voz meiga e infantil:
    - Palmeira, inclina-te! Inclina-te!
    Mas que era aquilo? Que era aquilo?
    As folhas da palmeira agitavam-se como se um furacão passasse por elas e, de cima a baixo, percorriam o longo tronco arrepios contínuos. Então a árvore compreendeu que naquele ente pequenino encontrara um superior. Tudo nela se agitava para obedecer às suas ordens.
    Inclinou-se para a criança como o povo se inclina diante dos reis. Numa reverência profunda, dobrou-se para o chão; e tanto o fez que, por fim, a copa de folhas trémulas tocou na areia do deserto.
    O menino, sem mostrar surpresa nem susto, começou logo a apanhar mancheias de tâmaras. E depois de colher o suficiente, acariciou a árvore inclinada e disse-lhe com voz suave:
    - Palmeira, ergue-te! Ergue-te!"

    Selma Lagerlöf, HISTÓRIAS MARAVILHOSAS, Lisboa, Editorial Minerva, 1952, pp. 78-80.

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  4. Destaco a segunda imagem: a paisagem semi-noturna - o céu de um azul noite, tão especial - iluminada em pontos bem destacados: na(s) lua(s) do céu e da terra - em espelho -; nas grutas - em dois pontos diferentes - onde se refugiaram os protagonistas em fuga.
    Dá vontade de procurar ver melhor a paisagem, imersa em escuridão, metáfora do perigo de que fogem, usando esses pontos de luz.
    É a pausa na viagem que é representada em vez do movimento da primeira imagem.

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  5. O tema da fuga para o Egipto já visitará este blogue, pela mão de João Benard da Costa
    http://portefolioviajantecurioso.blogspot.pt/2013/08/repouso-na-fuga-para-o-egipto-joao.html

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  6. Afinal a fuga para o Egipto e Bénard da Costa é que já haviam visitado este blogue, pela mão de João B. Serra. Que bom reencontro!

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  7. No tema da viagem "Fuga para o Egipto", inunda-me a memória com as pinturas de Baltazar Gomes Figueira e Josefa Ayala......imaginar as paisagens do médio oriente repletas de simbólicas gingeiras, impressivamente pontilhadas com os seus frutos ruborizados.....puro deleite poético.

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