Eugène Delacroix, The Natchez, 1835
Nota do Metropolitan Museum of Art
In 1823, Delacroix began to paint this scene from Chateaubriand’s widely read Romantic novel Atala, which narrates the fate of the Natchez tribe in the wake of the French and Indian War (1754–63). After putting the canvas aside for about a decade, he finally completed the picture for the Paris Salon of 1835. In the catalogue, Delacroix provided this explanatory note: "Fleeing the massacre of their tribe, two young savages traveled up the Mississippi River. During the voyage, the woman was taken by pain of labor. The moment is that when the father holds the newborn in his hands, and both regard him tenderly."
"Il est dans les extrêmes plaisirs, un aiquillon qui nous éveille, comme pour nous avertir de profiter de ce moment rapide: dans les grandes douleurs, au contraire, je ne sais quoi de pesant nous endort."
ResponderEliminarFrançois de Chateaubriand, Atala, Paris, Gallimard, 1999.
De tous mes manuscrits sur l’Amérique, je n’ai sauvé que quelques fragmens, en particulier Atala, qui n’étoit qu’un épisode des Natchez. Atala a été écrite dans le désert, et sous les huttes des Sauvages. Je ne sais si le Public goûtera cette histoire qui sort de toutes les routes connues, et qui présente une nature et des moeurs tout-à-fait étrangères à l’Europe. Il n’y a point d’aventures dans Atala. C’est une sorte de poëme (2), moitié descriptif, moitié dramatique : tout consiste dans la peinture de deux amans qui marchent et causent dans la solitude ; tout gît dans le tableau des troubles de l’amour, au milieu du calme des déserts, et du calme de la religion. J’ai donné à ce petit ouvrage les formes les plus antiques ; il est divisé en prologue, récit et épilogue. Les principales parties du récit prennent une dénomination, comme les chasseurs, les laboureurs, etc. ; et c’étoit ainsi que dans les premiers siècles de la Grèce, les Rapshodes chantoient, sous divers titres, les fragmens de l’Iliade et de l’Odyssée. Je ne dissimule point que j’ai cherché l’extrême simplicité de fonds et de style, la partie descriptive exceptée ; encore est-il vrai, que dans la description même, il est une manière d’être à-la-fois pompeux et simple. Dire ce que j’ai tenté, n’est pas dire ce que j’ai fait. Depuis long-temps je ne lis plus qu’Homère et la Bible ; heureux si l’on s’en apperçoit, et si j’ai fondu dans les teintes du désert, et dans les sentimens particuliers à mon coeur, les couleurs de ces deux grands et éternels modèles du beau et du vrai.
ResponderEliminarJe dirai encore que mon but n’a pas été d’arracher beaucoup de larmes ; il me semble que c’est une dangereuse erreur, avancée, comme tant d’autres, par M. de Voltaire, que les bons ouvrages sont ceux qui font le plus pleurer. Il y a tel drame dont personne ne voudroit être l’auteur, et qui déchire le coeur bien autrement que l’Enéide. On n’est point un grand écrivain, parce qu’on met l’ame à la torture. Les vraies larmes sont celles que fait couler une belle poésie ; il faut qu’il s’y mêle autant d’admiration que de douleur.
François-Auguste de chateuabriand, in Préface, Atala, Paris, Gallimard, 1999.
Em poucas décadas desapareceram as povoações indígenas que as caravelas do descobrimento encontraram por toda a costa brasileira e os primeiros cronistas contemplaram maravilhados. Em seu lugar haviam se instalado três tipos novos de povoações. O primeiro e principal, formado pelas concentrações de escravos africanos dos engenhos e portos. Outro, disperso pelos vilarejos e sítios da costa ou pelos campos de criação de gado, formado principalmente por mamelucos e brancos pobres. O terceiro esteve constituído pelos índios incorporados à empresa colonial como escravos de outros núcleos ou concentrados nas aldeias, algumas das quais conservavam sua autonomia, enquanto outras eram regidas por missionários.
ResponderEliminarApesar de o projeto jesuítico de colonização do Brasil nascente ter sido formulado sem qualquer escrúpulo humanitário, tal foi a ferocidade da colonização leiga, que estalou, algumas décadas depois, um sério conflito entre os padres da Companhia e os povoadores dos núcleos agrário‐ mercantis. Para os primeiros, os índios, então em declínio e ameaçados de extinção, passaram a ser criaturas de Deus e donos originais da terra, com direito a sobreviver se abandonassem suas heresias para se incorporarem ao rebanho da Igreja, na qualidade de operários da empresa colonial recolhidos às missões. Para os colonos, os índios eram um gado humano, cuja natureza, mais próxima de bicho que de gente, só os recomendava à escravidão.
Darcy Ribeiro, in O Povo Brasileiro, A formação e sentido do Brasil
Depois de transigir sem limites (os missionários), interpretando em tom transcendental a conquista como mal necessário, a porta da estrada que se abriria ao caminho da fé pelo flagelo, caíram em si e começaram a ver seu próprio papel conivente.
ResponderEliminarDurante décadas não disseram nenhuma palavra de piedade pelos milhares de índios mortos, pelas aldeias incendiadas, pelas crianças, pelas mulheres e homens escravizados, aos milhões. Tudo isso eles viram silentes. Ou até mesmo, como Anchieta, cantando essas façanhas em milhares de versos servis. Para eles, toda aquela dor era dor necessária para colorir as faces da aurora, que eles viam amanhecendo. Só tardiamente caíram em si, vendo‐se vencidos primeiro na evangelização, depois na reclusão dos índios nas missões. Entretanto, nenhum desastre histórico, nenhum projeto utópico anterior teve tal altitude, porque nenhuma esperança até então fora tão alentadora e pudera ser levada tão adiante, a demonstrar a factibilidade de reconstruir intencionalmente a sociedade segundo um projeto.
A utopia jesuítica esboroou e os inacianos foram expulsos das Américas, entregando, inermes, desvirilizados, os seus catecúmenos ao sacrifício e à escravidão na mão possessa dos colonos. O mesmo aconteceu com o sonho mirífico dos franciscanos, reduzido à visão do que era a boçalidade do mundo colonial, ínvio, ímpio e bruto.
Darcy Ribeiro, in O Povo Brasileira, A formação e sentido do Brasil
Milhares de índios foram incorporados por essa via à sociedade colonial. Incorporados não para se integrarem nela na qualidade de membros, mas para serem desgastados até a morte, servindo como bestas de carga a quem deles se apropriava. Assim foi ao longo dos séculos, uma vez que cada frente de expansão que se abria sobre uma área nova, deparando lá com tribos arredias, fazia delas imediatamente um manancial de trabalhadores cativos e de mulheres capturadas para o trabalho agrícola, para a gestação de crianças e para o cativeiro doméstico.
ResponderEliminarCustando uma quinta parte do preço de um negro importado, o índio cativo se converteu no escravo dos pobres, numa sociedade em que os europeus deixaram de fazer qualquer trabalho manual. Toda tarefa cansativa, fora do eito privilegiado da economia de exportação, que cabia aos negros, recaía sobre o índio.
O apresamento sempre foi tido como prática louvável e até mesmo como técnica de conversão. O próprio Nóbrega, nos seus planos de colonização, desaconselha a vinda de colonos tão pobres que não pudessem comprar logo índios cativos para pôr a seu serviço, sugerindo que só fossem mandados para cá os abonados que tivessem condições de adquiri‐los. É certo que ele, como os outros jesuítas, quiseram pôr termo à ganância dos colonos que degenerara em práticas que estavam esgotando a população indígena em prejuízo para a colonização. Ainda que fosse por sua posição de competidor, uma vez que tinha outra destinação a dar aos índios, o certo é que tinha a visão clara sobre a necessidade de grande concentração .de índios nas vilas missionárias e a serviço dos fazendeiros, como o principal mecanismo consolidador da empresa colonial.
Darcy Ribeiro, O Povo Brasileira, A formação e sentido do Brasil
During the four centuries spanning the time between 1492, when Christopher Columbus first set foot on the 'New World' of a Caribbean beach and 1892, when the U.S. Census Bureau concluded that there were fewer than a quarter-million indigenous people surviving within the country's boundaries, a hemispheric population estimated to have been as great as 125 million was reduced by something over 90 percent. The people had died in their millions of being hacked apart with axes and swords, buried alive and trampled under horses, hunted as game and fed to dogs, shot, beaten, stabbed, scalped for bounty, hanged on meathooks and thrown over the sides of ships at sea, worked to death as slave labourers, intentionally starved and frozen to death during a multitude of forced marches and internments, and, in an unknown number of instances, deliberately infected with epidemic diseases" .
ResponderEliminar(...) All told, it is probable that more than one hundred million native people were 'eliminated' in the course of Europe's ongoing 'civilization' of the western hemisphere.
Ward Churchill, A Little Mater of Genocide: Holocaust and Denisl in the Americas, 1492 to the Present
"I saw five squaws under a bank for shelter. When the troops came up to them they ran out and showed their persons, to let the soldiers know they were squaws and begged for mercy, but the soldiers shot them all...There were some thirty or forty squaws collected in a hole for protection; they sent out a little girl about six years old with a white flag on a stick; she had not proceeded but a few steps when she was shot and killed. All the squaws in the hole were afterwards killed... The squaws offered no resistance. Every one I saw dead was scalped. I saw one squaw cut open with an unborn child, as I thought, lying by her side...I saw quite a number of infants in arms killed with their mothers."
ResponderEliminar(Robert Bent, in US Senate report "The Chivington Massacre")
History not taught is History forgot - Columbus' legacy of Genocide
ResponderEliminarColumbus and the beginning of Genocide in "the New World"
(...)
The 1492 "voyage of discovery" is, however, hardly all that is
at issue. In 1493 Columbus returned with an invasion force of
seventeen ships, appointed at his own request by the Spanish Crown to
install himself as "viceroy and governor of [the Caribbean islands]
and the mainland" of America, a position he held until
1500. Setting up shop on the large island he called Espa–ola (today
Haiti and the Dominican Republic), he promptly instituted policies of
slavery (encomiendo) and systematic extermination against the native
Taino population. Columbus's programs reduced Taino numbers from as
many as eight million at the outset of his regime to about three
million in 1496. Perhaps 100,000 were left by the time of the
governor's departure. His policies, however, remained, with the
result that by 1514 the Spanish census of the island showed barely
22,000 Indians remaining alive. In 1542, only two hundred were
recorded. Thereafter, they were considered extinct, as were Indians
throughout the Caribbean Basin, an aggregate population which totaled
more than fifteen million at the point of first contact with the
Admiral of the Ocean Sea, as Columbus was known.
This, to be sure, constitutes an attrition of population in
real numbers every bit as great as the toll of twelve to fifteen
million about half of them Jewish most commonly attributed to
Himmler's slaughter mills. Moreover, the proportion of indigenous
Caribbean population destroyed by the Spanish in a single generation
is, no matter how the figures are twisted, far greater than the
seventy-five percent of European Jews usually said to have been
exterminated by the Nazis. Worst of all, these data apply only to the
Caribbean Basin; the process of genocide in the Americas was only just
beginning at the point such statistics become operant, not ending, as
they did upon the fall of the Third Reich. All told, it is probable
that more than one hundred million native people were "eliminated" in
the course of Europe's ongoing "civilization" of the Western
Hemisphere.
It has long been asserted by "responsible scholars" that this
decimation of American Indians which accompanied the European invasion
resulted primarily from disease rather than direct killing or
conscious policy. There is a certain truth to this, although
starvation may have proven just as lethal in the end. It must be borne
in mind when considering such facts that a considerable portion of
those who perished in the Nazi death camps died, not as the victims of
bullets and gas, but from starvation, as well as epidemics of typhus,
dysentery, and the like. Their keepers, who could not be said to have
killed these people directly, were nonetheless found to have been
culpable in their deaths by way of deliberately imposing the
conditions which led to the proliferation of starvation and disease
among them. Certainly, the same can be said of Columbus's regime,
under which the original residents were, as a first order of business,
permanently dispossessed of their abundant cultivated fields while
being converted into chattel, ultimately to be worked to death for the
wealth and "glory" of Spain.
Ward Churchill, Indians are Us
Neste seu quadro, Delacroix optou pela transposição de uma cena da literatura para a pintura, e levou 12 anos a conclui-la. Em contraste, o gosto pelo exotismo dos protagonistas e a banalidade de um enredo que, alusivo às vicissitudes experienciadas por um povo, poderia ter encontrado equivalente em muitas outras geografias e/ou tempos históricos. Mas não é isso que conta. O que conta é a representação da natureza humana nos seus sentimentos mais genuínos, a mesma em qualquer lugar. Numa outra transposição: da vida para a tela.
ResponderEliminarÉ notável a amenidade e a simpatia com que Delacroix retrata "o outro". O dramatismo da situação ressalta com maior intensidade da paisagem envolvente do que da expressão dos protagonistas, enlevados de ternura pelo recém-nascido.
No livro de Georges Bataille "As Lágrimas de Eros", Delacroix é referenciado. Diz o autor: "Mesmo que fiel, no seu conjunto, à pintura idealista, Delacroix pendeu para uma pintura nova e, no plano do erotismo, ligou-a à representação da morte."
(1984) Lisboa: uma edição & etc. (p. 49)
Esqueci-me de referenciar o caráter andrógino das figuras.
EliminarGAVIÃO DO MISSISSIPI
ResponderEliminarCauda longa, negra, impante,
olho orlado de vermelho escuro,
são ratos e lagartos que procuro
sobrevoando mata ou pasto ardente.
Vislumbrados, mergulho em voo rasante
p´ra depois subir co'as brisas ascendentes.
"Suspendus sur le cours des eaux, groupés sur les rochers et sur les montagnes, dispersés dans les vallées, des arbres de toutes les formes, de toutes les couleurs, de tous les parfums, se mêlent, croissent ensemble, montent dans les airs à des hauteurs qui fatiguent les regards. Les vignes sauvages, au pied de ces arbres, escaladent leurs rameaux, grimpent à l'extrémité des branches, s'élancent de l'érable au tulipier, du tulipier à l'alcée, en formant mille grottes, mille voûtes, mille portiques. Souvent, égarées d'arbre en arbre, ces lianes traversent des bras de rivières, sur lesquelles elles jettent des ponts de fleurs."
ATALA, par de Vte de Chateaubriand.
Avec les dessins de Gustave Doré, Paris, Lib. de L. Hachette et Cie., 1863, p. 3.
(...)
ResponderEliminarDepois de 45 anos desaparecido, um dos documentos mais importantes produzidos pelo Estado brasileiro no último século, o chamado Relatório Figueiredo, que apurou matanças de tribos inteiras, torturas e toda sorte de crueldades praticadas contra indígenas no país – principalmente por latifundiários e funcionários do extinto Serviço de Proteção ao Índio (SPI) –, ressurge quase intacto. Supostamente eliminado em um incêndio no Ministério da Agricultura, ele foi encontrado recentemente no Museu do Índio, no Rio, com mais de 7 mil páginas preservadas e contendo 29 dos 30 tomos originais.
Em uma das inúmeras passagens brutais do texto, a que o Estado de Minas teve acesso e publica na data em que se comemora o Dia do Índio, um instrumento de tortura apontado como o mais comum nos postos do SPI à época, chamado “tronco”, é descrito da seguinte maneira: “Consistia na trituração dos tornozelos das vítimas, colocadas entre duas estacas enterradas juntas em um ângulo agudo. As extremidades, ligadas por roldanas, eram aproximadas lenta e continuamente”.
(...)
Entre denúncias de caçadas humanas promovidas com metralhadoras e dinamites atiradas de aviões, inoculações propositais de varíola em povoados isolados e doações de açúcar misturado a estricnina, o texto redigido pelo então procurador Jader de Figueiredo Correia ressuscita incontáveis fantasmas e pode se tornar agora um trunfo para a Comissão da Verdade, que apura violações de direitos humanos cometidas entre 1946 e 1988.
A investigação, feita em 1967, em plena ditadura, a pedido do então ministro do Interior, Albuquerque Lima, tendo como base comissões parlamentares de inquérito de 1962 e 1963 e denúncias posteriores de deputados, foi o resultado de uma expedição que percorreu mais de 16 mil quilômetros, entrevistou dezenas de agentes do SPI e visitou mais de 130 postos indígenas. Jader de Figueiredo e sua equipe constataram diversos crimes, propuseram a investigação de muitos mais que lhes foram relatados pelos índios, se chocaram com a crueldade e bestialidade de agentes públicos. Ao final, no entanto, o Brasil foi privado da possibilidade de fazer justiça nos anos seguintes. Albuquerque Lima chegou a recomendar a demissão de 33 pessoas do SPI e a suspensão de 17, mas, posteriormente, muitas delas foram inocentadas pela Justiça.
Os únicos registros do relatório disponíveis até hoje eram os presentes em reportagens publicadas na época de sua conclusão, quando houve uma entrevista coletiva no Ministério do Interior, em março de 1968, para detalhar o que havia sido constatado por Jader e sua equipe. A entrevista teve repercussão internacional, merecendo publicação inclusive em jornais como o New York Times. No entanto, tempos depois da entrevista, o que ocorreu não foi a continuação das investigações, mas a exoneração de funcionários que haviam participado do trabalho. Quem não foi demitido foi trocado de função, numa tentativa de esconder o acontecido. Em 13 de dezembro do mesmo ano o governo militar baixou o Ato Institucional nº 5, restringindo liberdades civis e tornando o regime autoritário mais rígido.
O vice-presidente do grupo Tortura Nunca Mais, Marcelo Zelic (...), afirma que o Relatório Figueiredo já havia se tornado motivo de preocupação para setores que possivelmente estão envolvidos nas denúncias da época antes de ser achado. “Já tem gente que está tentando desqualificar o relatório, acho que por um forte medo de ele aparecer, as pessoas estão criticando o documento sem ter lido" acusa.
(...)
Filipe Canêdo, publicação de 19/04/2013
Suplícios
ResponderEliminarO contexto desenvolvimentista da época e o ímpeto por um Brasil moderno encontravam entraves nas aldeias. O documento relata que índios eram tratados como animais e sem a menor compaixão. “É espantoso que existe na estrutura administrativa do país repartição que haja descido a tão baixos padrões de decência. E que haja funcionários públicos cuja bestialidade tenha atingido tais requintes de perversidade. Venderam-se crianças indefesas para servir aos instintos de indivíduos desumanos. Torturas contra crianças e adultos em monstruosos e lentos suplícios”, lamentava Figueiredo. Em outro trecho contundente, o relatório cita chacinas no Maranhão, em que “fazendeiros liquidaram toda uma nação”. Uma CPI chegou a ser instaurada em 1968, mas o país jamais julgou os algozes que ceifaram tribos inteiras e culturas milenares.
Filipe Canêdo, publicação de 19/04/2013
O extermínio dos índios na história do nosso País
ResponderEliminarPor Yuri Arraes (*)
Recentemente me deparei com uma notícia intitulada: “Índios anunciam suicídio coletivo no MS”. Sem pensar duas vezes abri para analisar o conteúdo: uma carta assinada pelos líderes da aldeia Guarani-Kaiowá anuncia o suicídio coletivo de 170 pessoas (50 homens, 50 mulheres e 70 crianças) em razão de uma decisão recente da Justiça Federal.
De acordo com a carta, os habitantes da aldeia serão expulsos da margem do rio Hovy no município de Naviraí em Mato Grosso do Sul. Senti-me aterrorizado e decepcionado, porém, o pior de tudo é que essas não são as primeiras mortes sem sentido dos verdadeiros brasileiros e essa não é a primeira decisão judicial com o intuito de eliminar os povos indígenas.
Desde 1500, ano em que os doze mil colonizadores europeus chegaram à região que hoje é denominada Brasil, os índios têm sido vítimas do capitalismo. O território que antes pertencia aos cinco milhões de indígenas e era a fonte de sua subsistência passou a ser explorado de maneira nem um pouco razoável pela coroa portuguesa. Seria simples se acabasse por aí, afinal, os nativos não precisavam de riqueza, apenas de um pouco de terra para habitar, caçar, colher e cultuar seus deuses, talvez até pudessem partilhar do paraíso com aqueles que haviam chegado da Europa. Mas para os seres civilizados isso não bastava, eles precisavam de mais.
Os doze mil colonizadores ampliaram seu território, trouxeram a religião, importaram escravos, multiplicaram-se, esgotaram as riquezas da terra e hoje são cento e noventa milhões de habitantes de um país independente. No entanto, nesse mesmo período, os índios foram exterminados, perderam suas terras e hoje são obrigados a habitar locais que ninguém mais precisa, dos quais não se extrai renda, e a viver de maneira desumana (temos como exemplo os Guarani-Kaiowá, que se alimentam apenas uma vez por dia).
Eu hei de lembrá-los que recentemente, no Amazonas, mil índios foram levados Atalaia do Norte por candidatos a cargos eletivos municipais para que pudessem votar nessas eleições, porém, após serem derrotados nas urnas, os aspirantes a representantes do poder povo desapareceram da cidade, deixando os eleitores em condições precárias, fazendo com que duas crianças morressem de diarreia e ainda deixando outras trinta e três internadas em um hospital.
São fatos assim que nos fazem questionar se o verdadeiro povo brasileiro realmente tem poder e se há alguém realmente capaz de representá-lo.
Atualmente a população indígena é formada por aproximadamente quinhentos mil índios. Conclui-se, portanto, que em cinco séculos acabamos com 90% da nossa história e que eliminamos a nossa própria cultura para que poucos ociosos habitem terras que não os pertencem e se mantenham ricos. Que país é esse em que se humilham e matam pessoas em nome de uma campanha política? Que justiça é essa que faz com que 170 pessoas clamem pela própria extinção? Pessoas assim não sabem o que é a Constituição, pois nunca usufruíram de nenhum direito. Os índios perderam tudo, inclusive aquilo que dizem ser a última coisa a se perder: a esperança. E eu não consigo sentir nada ao pensar nisso além de vergonha de ser brasileiro.
(*)Yuri Arraes é acadêmico de Direito.
/…/
ResponderEliminarLà dorment dans l'oubli des poètes sans gloire,
Des orateurs sans voix, des héros sans victoire :
Que dis-je ? des Titus faits pour être adorés.
Mais si le sort voila tant de vertus sublimes,
Sous ces arbres en deuil combien aussi de crimes
Le silence et la mort n'ont-ils point dévorés !
Loin d'un monde trompeur, ces bergers sans envie,
Emportant avec eux leurs tranquilles vertus,
Sur le fleuve du temps passagers inconnus,
Traversèrent sans bruit les déserts de la vie.
Une pierre, aux passants demandant un soupir,
Du naufrage des ans a sauvé leur mémoire ;
Une Muse ignorante y grava leur histoire
Et le texte sacré qui nous aide à mourir.
En fuyant pour toujours les champs de la lumière.
Qui ne tourne la tête au bout de la carrière ?
L'homme qui va passer cherche un secours nouveau :
Que la main d'un ami, que ses soins chers et tendres,
Entrouvrent doucement la pierre du tombeau !
Le feu de l'amitié vit encor dans nos cendres.
Pour moi qui célébrai ces tombes sans honneurs,
Si quelque voyageur, attiré sur ces rives
Par l'amour de rêver et le charme des pleurs,
S'informe de mon sort dans ses courses pensives,
Peut-être un vieux pasteur, en gardant ses troupeaux,
Lui fera simplement mon histoire en ces mots :
" Souvent nous l'avons vu, dans sa marche posée,
Au souris du matin, dans l'orient vermeil,
Gravir les frais coteaux à travers la rosée,
Pour admirer au loin le lever du soleil.
Là-bas, près du ruisseau, sur la mousse légère,
A l'ombre du tilleul que baigne le courant,
Immobile il rêvait, tout le jour demeurant
Les regards attachés sur l'onde passagère.
Quelquefois dans les bois il méditait ses vers
Au murmure plaintif du feuillage et des airs.
Un matin nos regards, sous l'arbre centenaire,
Le cherchèrent en vain au repli du ruisseau ;
L'aurore reparut, et l'arbre et le coteau,
Et la bruyère encor, tout étoit solitaire.
Le jour suivant, hélas ! à la file allongé.
Un convoi s'avança par le chemin du temple.
Approche, voyageur ! lis ces vers, et contemple
Ce triste monument que la mousse a rongé.
François-René de Chateaubriand
A LITTLE MATTER OF GENOCIDE by Ward Churchill
ResponderEliminarby JF
First, I must say, this is quite probably the single most footnoted, citationed book I have ever read; so for anybody seeking to FACTUALLY counter Churchill’s contentions, they first have Churchill’s immense mountain of historical source material with which to surmount.
Apparently, from what I have been able to glean on the Internet, the publication of this book has won for the author many enemies, and caused him to have to endure much suffering, both vocationally and personally.
I can certainly see why.
All Churchill does is to document that the genocide of the Native Americans by the past and present American government was worse than the holocaust of Jewish people perpetrated by Hitler’s Nazi regime; oh, and as if that wasn’t enough, he also documents how shockingly common it is for leading modern-day Zionist spokespersons to do the exact same denial-of-the-facts thing in reference to the Native American Holocaust that these Zionist spokespersons are always accusing modern neo-Nazi “Holocaust deniers” of doing. So the message of this book is extremely incendiary indeed, and the forces that Churchill is factually offending here are quite politically powerful. Little wonder the guy has been the target of much persecution for having published this in 1997.
This book is actually a collection of stand-alone essays, so there are no chapters, so to speak, and so there is not much chronological or topical cohesion between any two of them. This fact, along with the fact that Churchill writes in a very academic style obviously intended first and foremost for the inspection–and the grilling–of other academic types, renders this book to be not a remarkably enjoyable read for the recreational reader. But for ideological non-academic dissidents like myself, the unpopular factual history presented herein, and the overall iconoclastic outlook of Churchill, make this well worth reading, and well worth keeping on the shelf for reference–because most modern Americans–especially self-professed Bible-believing types like myself–simply will never believe what hideous, grotesque genocidal attrocities their “God-breathed” country and countrymen have done in the past.
For me, easily the most interesting essay came at about the mid-point of the book, and it is the one which dealt most specifically with the historical events of the 1800s U.S.A.-perpetrated genocide of the Native Americans. The essays both before and after this one dealt more with current ideological arguments made about that genocide, or about the nature and definition of the word “genocide” itself. But the historical essay in the middle was by far the most enjoyable–not that it didn’t sicken me in quite a few parts. What I found enjoyable was that here I was reading actual, utterly shameful U.S. history that had been heretofore hidden from my eyes. But now it wasn’t hidden from me anymore. That’s what I liked about this book.
(...)