Pois que nõ teño poder
Senhora, de me partir
De vos amar [d]e querer
Por vostro quero morir
E moiro de ma dama
Cantiga gravada no frontal da arca tumular de D. Fernando de Meneses e D. Brites de Andrade, do terceiro quartel do século XV.
Emídio M. Ferreira, Um Pensamento de Pedra. Os Jacentes Duplos Medievais e o Túmulo dos Pinheiro na Colegiada de Guimarães. Guimarães, Fundação Cidade de Guimarães, 2013, p. 152.
Eis a superação da célebre promessa de casamento: "Até que a morte nos separe!"
ResponderEliminar"Dia 291”: «Sou o teu coração e por isso te guio nesta floresta de palavras. O que nunca te disse não importa agora, está fora do meu manual de estratégia. Sim, porque só um coração possui uma estratégia do impossível e a memória agradecida de um mendigo. Vamos. O amor é uma grande viagem.»
ResponderEliminarJoaquim Pessoa, Ano Comum
Amiga, quem vos [ama
ResponderEliminare por] vós é coitado
e se por vosso chama,
des que foi namorado
5 nom viu prazer, sei-o eu;
por en já morrerá
e por aquesto m'é greu.
Aquel que coita forte
houve des aquel dia
10 que vos el viu, que morte
lh'é, par Santa Maria,
nunca viu prazer, nem bem;
por en já morrerá
[e] a mim pesa muit'en.
D. Dinis
Epitáfio para un Poeta
ResponderEliminarQuiso cantar, cantar
para olvidar
su vida verdadera de mentiras
y recordar
su mentirosa vida de verdades
Octávio Paz
Epitáfio para um banqueiro
ResponderEliminarn e g ó c i o
e g o
ó c i o
c i o
o
José Paulo Paes
Tal sazom foi em que eu já perdi
ResponderEliminarquanto bem houv'e nom cuidei haver
que par podesse a outro bem seer;
mais ora já mi guisou Deus assi
que, u perdi tam gram bem de senhor,
cobrei d'atender outro mui melhor
em todo bem, de quantos outros vi.
E quand'em outra sazom perdi eu
aquel gram bem, log'i cu[i]dei que nom
perdesse coita do meu coraçom;
mais agora Deus tal senhor mi deu
que de bom prez e sem e parecer
é mui melhor de quantas quis fazer;
e quis log'i que foss'em poder seu.
Quand'eu perdi aquela que amar
sabia mais que mim nem outra rem,
nom cuidava d'atender outro bem;
mais prougue a Deus de mi o assi guisar
que, u perdi aquela que amei,
em outra senhor mui melhor cobrei,
que me faz Deus servir e desejar.
[Foi] ena sazom em que m'eu queixei
a Deus, u perdi quanto desejei;
oimais poss'eu com razom Deus loar
porque me pôs em tal cobro que hei
por senhor a melhor de quantas sei,
em que pôs tanto bem que nom há par.
Pedro, Conde de Barcelos
Epitáfio
ResponderEliminarGal Costa
Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
Até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer
Queria ter aceitado as pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar…
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor
Queria ter aceitado a vida como ela é
A cada um cabe alegrias e a tristeza que vier
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar…
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Outro entendimento da promessa conjugal:
ResponderEliminar"Na riqueza e na pobreza, no melhor e no pior, até que a morte vos separe"
Perfeitamente.
Sempre cumpri o que assinei.
Portanto, estrangulei-a e fui-me embora."
Mário-Henrique Leiria
CISNE
ResponderEliminarSe ao nascer vos desaponto
será para sofrer, enfim,
metamorfose de tal ponto
que modele a forma da Beleza.
E para que seja assim:
da melodia extrema a nota dada
seja por todos, sempre, celebrada.
"[...]
Canção de cisne, feita em hora extrema:
Na dura pedra fria
Da memória te deixo, em companhia
Do letreiro da minha sepultura;
Que a sombra escura já me impede o dia."
Camões, CANÇÃO V, IN LÍRICA DE CAMÕES, edição crítica de José Maria Rodrigues e Afonso Lopes Vieira, Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, 1932, pp. 344-345.
Epitáfio do México
ResponderEliminarMachado de Assis
Dobra o joelho: — é um túmulo.
Embaixo amortalhado
Jaz o cadáver tépido
De um povo aniquilado;
A prece melancólica
Reza-lhe em torno à cruz.
Ante o universo atônito
Abriu-se a estranha liça,
Travou-se a luta férvida
Da força e da justiça;
Contra a justiça, ó século,
Venceu a espada e o obus.
Venceu a força indômita;
Mas a infeliz vencida
A mágoa, a dor, o ódio,
Na face envilecida
Cuspiu-lhe. E a eterna mácula
Seus louros murchará.
E quando a voz fatídica
Da santa liberdade
Vier em dias prósperos
Clamar à humanidade,
Então revivo o México
Da campa surgirá.
Sir Walter Raleigh (1552-1618)
ResponderEliminarWithin the chancel of this church was interred
the body of the
Great Sir Walter Raleigh K[night]t
On the day he was beheaded
In Old Palace Yard, Westminster
Oct 29th, Anno Dom. 1618
READER--Should you reflect on his errors
Remember his many virtues
And that he was mortal
[Written in his cell the night before his execution:]
Even such is time that takes in trust
Our youth, our joys, and all we have,
And pays us but with age and dust:
Who in the dark and silent grave
When we have wandered all our ways
Shuts up the story of our days.
And from which earth and grave and dust
The Lord shall raise me up, I trust.
Alexander Pope (1688-1744)
ResponderEliminarFor one who would not be buried in Westminster Abbey: Heroes and Kings! your distance keep; In peace let one poor Poet sleep, Who never flatter'd Folks like you: Let Horace blush, and Virgil too.