- As Máquinas da Alegria! - declarou o Padre Brian. - Será uma delas em que o senhor está remexendo? E outra aquilo que estamos vendo, o foguetão na sua torre de lançamento?
- Desta vez, pode muito bem ser - murmurou Vittorini. - Se subir com um homem lá dentro e conseguir dar a volta ao mundo, com ele vivo, enquanto nós daqui o estamos a ver, muito bem sentados, isso será sem dúvida uma alegria.
O foguetão estava quase preparado para a largada e o padre Brian fechou os olhos durante um momento: - Perdoai-me, Jesus - pensou ele - perdoai o orgulho de um velho e perdoai a Vittorini os seus despeitos. Ajudai-me a compreender o que vou presenciar esta noite e deixai-me ficar acordado e bem disposto até de manhã, se tanto for preciso. Deixai que aquela coisa suba em boas condições e assim volte cá para baixo. E lembrai-vos do homem que vai naquela caranguejola, meu Deus! Lembrai-vos dele e acompanhai-o. E ajudai-me, Senhor, quando vier o Verão, pois, tão certo como eu estar aqui, o padre Vittorini e os garotos cá do bairro hão-se querer deitar foguetões na pátio da reitoria. Todos eles olharão o céu, como quem espera a manhã da Redenção e vós, ajudai-me ó meu Deus! a ser como essas crianças em face da grande noite do tempo e do vácuo onde habitais. E ajudai-me a caminhar em frente para ir acender o próximo foguetão da Noite da Independência e acompanhar o padre italiano, com o rosto nimbado da mesma expressão de criança satisfeita perante essa festa de luz que pondes à nossa disposição e nos deixais gozar.
Abriu os olhos.
Vozes lá ao longe, no Cabo Canaveral, gritavam numa confusão. Estranhas forças fantásticas surgiam no écran. Estava ele a sorver a última gota de vinho quando alguém lhe tocou no cotovelo:
- Padre Brian - murmurou-lhe ao ouvido o padre Vittorini - aperte o seu cinto de segurança.
- Vou apertar - respondeu o padre Brian - Vou apertar. E obrigado.
Recostou-se na cadeira e fechou os olhos, a aguardar a explosão. Esperava pelo fogo. Esperava pelo embate e pela voz que lhe ensinaria aquela coisa estúpida, estranha, disparatada e portentosa que era contar de diante para trás....até zero.
Ray Bradbury, "As Máquinas da Alegria", in As Máquinas da Alegria, Lisboa, Livros do Brasil, s/d. [edição original: 1949-1964].
“Behind every man now alive stand thirty ghosts, for that is the ratio by which the dead outnumber the living. Since the dawn of time, roughly a hundred billion human beings have walked the planet Earth.
ResponderEliminarNow this is an interesting number, for by a curious coincidence there are approximately a hundred billion stars in our local universe, the Milky Way. So for every man who has ever lived, in this Universe there shines a star.
But every one of those stars is a sun, often far more brilliant and glorious than the small, nearby star we call the Sun. And many – perhaps most – of those alien suns have planets circling them. So almost certainly there is enough land in the sky to give every member of the human species, back to the first ape-man, his own private, world-sized heaven–or hell.
How many of those potential heavens and hells are now inhabited, and by what manner of creatures, we have no way of guessing; the very nearest is a million times farther away than Mars or Venus, those still remote goals of the next generation. But the barriers of distance are crumbling; one day we shall meet our equals, or our masters, among the stars.
Men have been slow to face this prospect; some still hope that it may never become reality. Increasing numbers, however are asking; ‘Why have such meetings not occurred already, since we ourselves are about to venture into space?’
Why not, indeed? Here is one possible answer to that very reasonable question. But please remember: this is only a work of fiction.
The truth, as always, will be far stranger.”
Arthur C. Clarke, 2001: A Space Odyssey
Asimov Recognized by Congress
ResponderEliminarIsaac Asimov was recognized by the 111th Congress on March 9, 2010 in House Resolution 1055, "supporting the designation of National Robotics Week as an annual event". The following passage appears in the text of the bill:
"Whereas the second week in April each year is designated as 'National Robotics Week', recognizing the accomplishments of Isaac Asimov, who immigrated to America, taught science, wrote science books for children and adults, first used the term robotics, developed the Three Laws of Robotics, and died in April, 1992: Now, therefore, be it resolved..."
The tribute to Asimov is due to the efforts of Paula Brooks, a robotics researcher and long-time fan of his who assisted the committee that wrote the resolution.
http://www.asimovonline.com/asimov_home_page.html
“O meu fascínio pelo clima fantástico, pelo irreal, pelo estranho e pelo insólito vem desde as minhas leituras de infância e continuou pela adolescência e pela idade adulta, ali já abrangendo todos os domínios da arte: literatura, artes plásticas em geral e, naturalmente, cinema.”
ResponderEliminarWalter Hugo Khour
http://www.caoseletras.com/2010/12/sobre-sutil-poesia-de-um-certo-cinema.html
Até as preces mudam com os tempos! Esta, dado o teor dos pedidos endereçados a Deus, só poderia ser recente.
ResponderEliminar-Está vendo, Axel, esses vapores provam que não temos de temer a fúria do vulcão.
ResponderEliminar- Essa não! - gritei.
Via vapores vulcânicos subindo aqui e ali.
- Guarde bem isto - continuou o professor: - quando uma erupção está se aproximando, esses vapores tornam-se duas vezes mais ativos, para desaparecer completamente durante o fenômeno, pois, como não têm mais a tensão necessária, os fluidos elásticos escapam pelas crateras e não mais pelas fissuras do globo. Se esses vapores se mantiverem em seu estado normal, se sua energia não aumentar, e ainda, se o vento e a chuva não forem substituídos por um ar pesado e calmo, é possível afirmar que não haverá uma erupção a curto prazo.
- Mas...
- Chega. Quando a ciência fala somos obrigados a calar-nos.
Voltei para a cúria de orelhas baixas. Meu tio vencera-me com argumentos científicos. Ainda assim, alimentava uma certa esperança. Talvez, quando chegássemos ao fundo da cratera, fosse impossível descer mais por falta de galerias, isso a despeito de todos os Saknussemm do mundo.
Passei a noite seguinte em pleno pesadelo dentro de um vulcão e das profundezas da terra. Senti que era lançado para os espaços planetários sob a forma de rocha eruptiva.
No dia seguinte, 23 de junho, Hans nos aguardava com seus companheiros, carregados de víveres, ferramentas e instrumentos.
Dois bastões de ferro, dois fuzis, duas cartucheiras estavam reservados para meu tio e para mim. Hans, que pensava em tudo, acrescentara à nossa bagagem um odre cheio, que, juntamente com nossos cantis, garantiam um abastecimento de água por oito dias.
Eram nove horas da manhã. O pároco e sua megera enorme aguardavam diante da casa. Com certeza queriam dar aos viajantes o adeus supremo do anfitrião. Mas o adeus assumiu a forma inesperada de uma conta formidável, onde cobraram até o ar da casa pastoral, bem infecto, aliás. O digno casal espoliava- nos como hoteleiros suíços, e o preço de sua hospitalidade era mais do que exagerado.
Meu tio pagou sem regatear. Um homem de partida para o centro da Terra não liga para alguns risdales.
Acertado esse ponto, Hans deu o sinal de partida, e poucos instantes depois deixávamos Stapi.
Julio Verne, Viagem ao Centro da Terra
Ficção Científica
ResponderEliminarDepois de uma viagem
pelo espaço sideral,
o astronauta chegou ao seu destino final:
Um planeta diferente
cujo em-cima estava em-baixo
e o atrás ficava na frente.
Um planeta tão estranho
que a sujeira era limpa
e a água tomava banho
Um planeta mesmo louco
onde o muito era nada
e o tudo muito pouco.
Um planeta dos mais raros:
o seu ouro era de graça,
o lixo custava caro.
O astronauta não gostou
e foi-se embora. Quando
pensou estar muito longe,
Viu-se outra vez chegando
num planeta onde, aliás,
o em-baixo ficava em-cima
e a frente estava por trás...
José Paulo Paes
FÉNIX
ResponderEliminarCansado de buscar, em vão,
Europa, de quem fui irmão,
errei por Ílion, Fenícia e Etiópia.
Depois, atribuíram-me o retorno eterno:
de mim próprio a repetida cópia.
Que inferno!
Não serei mais futuro do passado, juro!
Quero antes ser futuro do Futuro.
"Há já longos meses que a Europa Ocidental é fustigada por fenómenos meteorológicos de uma amplitude alarmante, que têm afectado a vida de milhões de pessoas. Depois de um longo e mortífero Inverno, o degelo começou finalmente... Infelizmente, o degelo, agravado por chuvas torrenciais, trouxe uma nova calamidade: inundações! E as águas sobem, sobem, inexoravelmente.
No momento em que esta história começa, uma violenta tempestade abate-se sobre Paris, provocando o caos no trânsito.
Desviando-se habilmente por entre o fluxo caótico de carros, um táxi dirige-se para a Madeleine... E nesse táxi, encontramos o nosso velho amigo, o Professor Philipp Mortimer:
- Parece que as coisas aqui em Paris vão de mal a pior, não?
- Pois é, senhor! Este maldito tempo que não há meio de parar!... A mim, ninguém me tira da ideia que foi a porcaria da bomba H que baralhou as estações... É como aquelas engenhocas artificiais que mandam para o espaço! Vai ver, senhor, essas invenções ainda nos vão trazer uma carga de trabalhos! E..."
E. P. Jacobs, S.O.S. METEOROS, Ed. Blake & Mortimer/Studio Jacobs, Trad. de Catarina Labey e Ricardo Pereira, Lisboa, Asa, 2008, p. 3.