Depois dos meus dias de paixão, alegria ou dor, talvez perdessem a minha alma e a minha harpa uma corda e delas viesse um áspero som; pode ser que inutilmente procure cantar uma vez mais como outrora cantei; embora sejam tristes acordes, permanecer-lhes-ei fiel desde que me arranquem a este penoso sonho de um sofrimento e alegria egoístas, arremessando o esquecimento à minha volta: e este tema, embora aos outros o não seja, tornar-se-á grato para mim.
Byron, POESIA ROMÂNTICA INGLESA, Trad. de Fernando Guimarães, Lisboa, Relógio D' Água, 2010, p. 21.
"É bom viver" e olhar vivendo-me em cada instante... Respiro... Tomei o pequeno almoço ao som da caixa de música de "Sunday Morning"... e, de novo, a "aparição" da poesia....
"Sorriso audível das folhas Não és mais que a brisa ali Se eu te olho e tu me olhas, Quem primeiro é que sorri? O primeiro a sorrir ri.
Ri e olha de repente Para fins de não olhar Para onde nas folhas sente O som do vento a passar Tudo é vento e disfarçar.
Mas o olhar, de estar olhando Onde não olha, voltou E estamos os dois falando O que se não conversou ..........................................." Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
Caro viajante curioso! Uma sugestão de viagem imperdível: Pela Ode Marítima, pela criação poderosa de Diogo Infante, na encenação expressiva e austera (palavra que temos que continuar a usar, então!…) de Natália Luísa, pontuada por umas notas de magia de João Gil . E como é possível que se abra um silêncio sobre esta fantástica produção??? Já não há críticos de teatro? Flutuar como alma da vida, partir como voz, Viver o momento tremulamente sobre águas eternas. Acordar para dias mais directos que os dias da Europa. Ver portos misteriosos sobre a solidão do mar, Virar cabos longínquos para súbitas vastas paisagens Por inumeráveis encostas atónitas...
Ode Marítima Poesias de Álvaro de Campos , ed. Ática, 1964 Prima Z
É bom viver!
ResponderEliminarDE UM SOFRIMENTO EGOÍSTA
ResponderEliminarDepois dos meus dias de paixão, alegria ou dor,
talvez perdessem a minha alma e a minha harpa uma corda
e delas viesse um áspero som; pode ser que inutilmente
procure cantar uma vez mais como outrora cantei;
embora sejam tristes acordes, permanecer-lhes-ei fiel
desde que me arranquem a este penoso sonho
de um sofrimento e alegria egoístas, arremessando
o esquecimento à minha volta: e este tema,
embora aos outros o não seja, tornar-se-á grato para mim.
Byron, POESIA ROMÂNTICA INGLESA, Trad. de Fernando Guimarães, Lisboa, Relógio D' Água, 2010, p. 21.
"É bom viver" e olhar vivendo-me em cada instante... Respiro... Tomei o pequeno almoço ao som da caixa de música de "Sunday Morning"... e, de novo, a "aparição" da poesia....
ResponderEliminar"Sorriso audível das folhas
Não és mais que a brisa ali
Se eu te olho e tu me olhas,
Quem primeiro é que sorri?
O primeiro a sorrir ri.
Ri e olha de repente
Para fins de não olhar
Para onde nas folhas sente
O som do vento a passar
Tudo é vento e disfarçar.
Mas o olhar, de estar olhando
Onde não olha, voltou
E estamos os dois falando
O que se não conversou
..........................................."
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
Uma Manhã de Domingo Contente!
Obrigado aos autores dos três comentários. Nesta manhã de domingo, haverá mais luz e um pouco mais de calor.
ResponderEliminarÀs autoras.
ResponderEliminarÉ vontade de estar a contraciclo num tempo como este em que se usa referir tudo duas vezes, referindo "os" e "as".
Aliás, nota-se bem a quem este post é dirigido...
ResponderEliminarPela minha parte, agradeço.
Caro viajante curioso!
ResponderEliminarUma sugestão de viagem imperdível: Pela Ode Marítima, pela criação poderosa de Diogo Infante, na encenação expressiva e austera (palavra que temos que continuar a usar, então!…) de Natália Luísa, pontuada por umas notas de magia de João Gil . E como é possível que se abra um silêncio sobre esta fantástica produção??? Já não há críticos de teatro?
Flutuar como alma da vida, partir como voz,
Viver o momento tremulamente sobre águas eternas.
Acordar para dias mais directos que os dias da Europa.
Ver portos misteriosos sobre a solidão do mar,
Virar cabos longínquos para súbitas vastas paisagens
Por inumeráveis encostas atónitas...
Ode Marítima
Poesias de Álvaro de Campos , ed. Ática, 1964
Prima Z
Uma sugestão tão imperativa é incontornável!
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