terça-feira, 4 de março de 2014

No caminho para a cidade celeste (8). Maria Clara de Almeida Lucas

As árvores e as aves situam-se geralmente em todas estas visões da cidade celeste num jardim, imagem e símbolo do paraíso terrestre, quentes como arquétipo o jardim do Éden, predomínio do reino vegetal em oposição a Jerusalém.
O jardim do início dos tempos representa um microcosmos que ficou expresso nas miniaturas dos jardins japoneses.
Na tradição clássica o jardim aparece ligado à felicidade: foi no jardim das Hespérides que se realizou o casamento de Zeus com Hera, pelo que esse local ficou a simbolizar a felicidade eterna.

Maria Clara Almeida Lucas, "A Cidade Celeste na Hagiografia Medieval Portuguesa", in O Imaginário da Cidade. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian/ACARTE, 1989, p. 90.

4 comentários:

  1. Lendo estes textos, dou comigo a pensar: que prazer deve Maria Clara de Almeida Lucas ter tido em construir este livro!

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  2. Mário Neves04/03/14, 11:34

    Jardim da Hespérides e felicidades eternas

    Gostaria de conhecer, sobre tais matérias, também a opinião de quem reserva a sua identidade. Julguei-o/a habitante assíduo de mitos, sem que se tratasse, parecia-me, de um/a mitómano/a.
    Mas calou-se. Ter-se-á calado?
    Serei de algum modo responsável por este silêncio? Mais uma presunção da minha parte.

    Mário Neves

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  3. Caro Mário Neves. Apesar de não ter logrado confirmar a sua identidade, a sua presença neste blogue será sempre bem vinda e espero que assídua. Devo no entanto chamar a sua atenção para que o (outro) anónimo comentador fez, até agora, publicar notas aos primeiros cinco textos desta série. Lapso seu, pois, neste caso, e devido certamente à irregularidade com que frequenta este cantinho de viajantes. Abraço.

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  4. CANTIGA AOS AMORES EFÉMEROS

    Leuad' amigo, que dormides as manhanas frias:
    todalas aues do mundo d' amor dizian,
    leda mh and' eu.

    Leuad' amigo, que dormide' las frias manhanas:
    todalas aues do mundo d' amor cãtauã,
    leda mh and' eu.

    Todalas aues do mundo d' amor diziã,
    do meu amor e do uoss[o] en ment' auyã,
    leda mh and' eu.

    Todalas aues do mundo d' amor cãtauã;
    do meu amor e do uoss[o] y emmentauã,
    leda mh and' eu.

    Do meu amor e do uosso en ment' auyã;
    uos lhi tolhestes os ramos en que sijam,
    leda mh and' eu.

    Do meu amor e do uoss[o] y emmentauã;
    uos lhi tolhestes os ramos en que posauã,
    leda mh and'eu

    Vos lhi tolhestes os ramos en que sijiam,
    e lhis secastes as fontes en que beuiã,
    leda mh and'eu.

    Vos lhi tolhestes os ramos en que pousauã,
    e lhis secastes as fõntes hu sse banhauã,
    leda mh and' eu.

    Nuno Fernandez Torneol, IN CBN 604, J. J. Nunes, CANTIGAS d' AMIGO, LXXV pp. 368-369.

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