segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Visitantes. António Osório

Visitantes

A pupila corrupta
fixo nos astros
- forasteiros
como nós
dentro do cosmos
sonâmbulo.

António Osório, Planetário e Zoo dos Homens. Lisboa, Presença, 1990, p. 38

3 comentários:

  1. MUNDOS DE ESTRELAS

    Estenda-se no solo, de noite, longe das luzes. Feche os olhos. Depois de alguns minutos, abra-os e repare nas estrelas. Terá uma vertigem. Colado à superfície do espaço, sentir-se-á no espaço. Saboreie por muito tempo esse encanto.

    Hubert Reeves, UM POUCO MAIS DE AZUL. A EVOLUÇÃO CÓSMICA, Lisboa, Gradiva, 1986, p. 17.

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  2. A propósito, lembrei-me de um texto, lido há muito, que passo a citar:

    "Na hora serena do crepúsculo escolhei um lugar bem sereno para a vossa meditação. Cessa o falar diurno, fundindo as suas vozes num grande mar de Silêncio. Dentro de vós, viviam formas e vultos, as palavras nítidas, as intenções claras. Agora todas as formas morrem lentamente como os relevos continentais que um oceano viera cobrir. Ao grande Silêncio do mundo segue-se o imenso silêncio da alma; como dois mares separados pelo beijo do Sol, um visível da sua luz moribunda, outro de amanhecente e invisível corpo. Pondo o vosso silêncio de acordo com o grande Silêncio das coisas, ponde o coração de acordo com uma grande realidade cósmica; acompanhai, por exemplo, com uma forte tensão da vontade, o sol no declinar da despedida. Olhai bem o disco e imaginai que a vossa vontade o move. Em breve tomareis a sério a vossa ilusão, e, a um profundo abalo de todo o ser, conheceis que sobre o Mistério se vos abriu um novo sentido."
    Leonardo Coimbra, "A Alegria, a Dor e a Graça" Obras Completas vol. I, 1983. Porto: Lello & Irmão Editores (p. 556 - 557)

    Não que alguma vez tenha experimentado, mas a ideia parece-me ter o seu encanto...

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  3. A minha vida é o mar o Abril a rua
    O meu interior é uma atenção voltada para fora
    O meu viver escuta
    A frase que de coisa em coisa silabada
    Grava no espaço e no tempo a sua escrita

    Não trago Deus em mim mas no mundo o procuro
    Sabendo que o real o mostrará

    Não tenho explicações
    Olho e confronto
    E por método é nu meu pensamento

    A terra o sol o vento o mar
    São a minha biografia e são meu rosto

    Por isso não me peçam cartão de identidade
    Pois nenhum outro senão o mundo tenho
    Não me peçam opiniões nem entrevistas
    Não me perguntem datas nem moradas
    De tudo quanto vejo me acrescento

    E a hora da minha morte aflora lentamente
    Cada dia preparada

    Sophia de Mello Breyner Andresen

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