Te amo mujer de mi gran viaje Como el mar ama al agua Que lo hace existir Y le da derecho a llamarse mar Y a reflejar el cielo y la luna y las estrelas
Vicente Huidobro, El Pasajero de Su Destino. Sevilha, Sibilina, 2008, p. 263.
Pois é! Tem razão. É um poema perturbador. Pelo menos a mim perturbou-me. Pensei mal por isso, talvez. O poeta di-lo expresamente: a água é que faz o mar existir.
Ainda outra lembrança, a de uma canção de Caetano Veloso, "Queixa", que fala em "oceano sem água", referindo-se a um amor menos feliz do que o do post, mas em que a metáfora encontrada lhe é em bem próxima. Mas trata-se de uma letra de canção, menos bela e bem mais simples em sua formulação do que o poema. Pouco comparáveis a esse nível.
Diz assim:
Um amor assim delicado Você pega e despreza Não devia ter despertado Ajoelha e não reza
Dessa coisa que mete medo Pela sua grandeza Não sou o único culpado Disso eu tenho a certeza
Princesa, surpresa, você me arrasou Serpente, nem sente que me envenenou Senhora, e agora, me diga onde eu vou Senhora, serpente, princesa
Um amor assim violento Quando torna-se mágoa É o avesso de um sentimento Oceano sem água
Ondas, desejos de vingança Dessa desnatureza Bateu forte, sem esperança Contra a sua dureza
Princesa, surpresa....
Um amor assim delicado Nenhum homem daria Talvez tenha sido pecado Apostar na alegria
Você pensa que eu tenho tudo E vazio me deixa Mas Deus não quer que eu fique mudo E te grito esta queixa
Se o mar ama água de que é feito, ou de que se faz, amando-a, ama-se a si mesmo?
ResponderEliminarA propósito, lembrei uns versos se Teixeira de Páscoaes, que lembrei de cor:
"Amo-te como a terra adora o mês de maio
Como ama o rochedo o musgo em flor que o veste"
Mas é impressionante e tem uma força extraordinária este poema de Vicente Huidobro!
ResponderEliminarQue estranho silogismo, Isabel! O mar é uma realidade distinta da da agua, como a casa da do tijolo, ou o corpo da da pele, ou a floresta da da arvore
ResponderEliminarPois é! Tem razão. É um poema perturbador. Pelo menos a mim perturbou-me. Pensei mal por isso, talvez. O poeta di-lo expresamente: a água é que faz o mar existir.
ResponderEliminarAinda outra lembrança, a de uma canção de Caetano Veloso, "Queixa", que fala em "oceano sem água", referindo-se a um amor menos feliz do que o do post, mas em que a metáfora encontrada lhe é em bem próxima. Mas trata-se de uma letra de canção, menos bela e bem mais simples em sua formulação do que o poema. Pouco comparáveis a esse nível.
ResponderEliminarDiz assim:
Um amor assim delicado
Você pega e despreza
Não devia ter despertado
Ajoelha e não reza
Dessa coisa que mete medo
Pela sua grandeza
Não sou o único culpado
Disso eu tenho a certeza
Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Senhora, serpente, princesa
Um amor assim violento
Quando torna-se mágoa
É o avesso de um sentimento
Oceano sem água
Ondas, desejos de vingança
Dessa desnatureza
Bateu forte, sem esperança
Contra a sua dureza
Princesa, surpresa....
Um amor assim delicado
Nenhum homem daria
Talvez tenha sido pecado
Apostar na alegria
Você pensa que eu tenho tudo
E vazio me deixa
Mas Deus não quer que eu fique mudo
E te grito esta queixa
Princesa, surpresa...
MERGULHO
ResponderEliminar"Subo de novo e da rocha de Lêucade
mergulho no mar cinzento, bêbedo de amor."
Anacreonte, Fragmento 376, IN POESIA GREGA, Trad. de Frederico Lourenço, Lisboa, Livros Cotovia, 2006, p. 57.
Fernando Pessoa também disse a propósito de "passar além da dor" e "além do Bojador":
ResponderEliminar"Deus ao mar o perigo e o abismo deu
Mas nele é que espelhou o céu."