"Dizem que havia um pastor antre Tejo e Odiana, que era perdido de amor por ua moça Joana. Joana patas guardava pela ribeira do Tejo, seu pai acerca morava, e o pastor de Alentejo era, e Jano se chamava.
Quando as fomes grandes foram, que Alentejo foi perdido, da aldea que chamam o Terrão foi este pastor fugido. Levava um pouco de gado, que lhe ficou doutro muito que lhe morreu de cansado; que Alentejo era enxuito d'água e mui seco do prado.
Toda a terra foi perdida; no campo do Tejo só achava o gado guarida: Ver Alentejo era um dó! E Jano, para salvar o gado que lhe ficou, foi esta terra buscar; se um cuidado levou, outro foi ele lá achar. (...)"
Bernardim Ribeiro, ÉCLOGAS, Lisboa, Liv.ª Francisco Franco, s.d., pp. 57-8.
ÉCLOGA II
ResponderEliminar"Dizem que havia um pastor
antre Tejo e Odiana,
que era perdido de amor
por ua moça Joana.
Joana patas guardava
pela ribeira do Tejo,
seu pai acerca morava,
e o pastor de Alentejo
era, e Jano se chamava.
Quando as fomes grandes foram,
que Alentejo foi perdido,
da aldea que chamam o Terrão
foi este pastor fugido.
Levava um pouco de gado,
que lhe ficou doutro muito
que lhe morreu de cansado;
que Alentejo era enxuito
d'água e mui seco do prado.
Toda a terra foi perdida;
no campo do Tejo só
achava o gado guarida:
Ver Alentejo era um dó!
E Jano, para salvar
o gado que lhe ficou,
foi esta terra buscar;
se um cuidado levou,
outro foi ele lá achar. (...)"
Bernardim Ribeiro, ÉCLOGAS, Lisboa, Liv.ª Francisco Franco, s.d., pp. 57-8.