"Daí em diante, de vez em quando, à tarde, em vez de trabalhar no escritório, trabalhava no quarto da torre onde recebia os empregados e as pessoas que o procuravam. Consigo às vezes levava Joana, a neta mais velha, que achava na torre grande aventura e mistério, e a quem ele ensinava o nome e a história dos navios. Depois, quando queria trabalhar, dava à neta lápis e papel para que ela desenhasse enquanto ele se debruçava sobre contratos, cartas, livros, contas, relatórios. Mas Joana desenhava pouco. Levantava a cabeça e fitava intensamente Hans pois algo na sua cara a fascinava e inquietava. E via então que também ele não trabalhava: para além da barra, para além da rebentação, os seus olhos fitavam os verdes azuis do horizonte marinho. - Avô - disse Joana - porque é que está sempre a olhar para o mar? - Ah! - respondeu Hans. - Porque o mar é o caminho para a minha casa."
Sophia de Mello Breyner Andresen, "Saga" in HISTÓRIAS DA TERRA E DO MAR, Porto, Figueirinhas, 2010, pp. 122-3.
Desamparo Digo-te que podes ficar de olhos fechados sobre o meu peito, porque uma ondulação maternal de onda eterna te levará na exata direção do mundo humano.
Mas no equilíbrio do silêncio, no tempo sem cor e sem número, pergunta a mim mesmo o lábio do meu pensamento:
quem é que me leva a mim, que peito nutre a duração desta presença, que música embala a minha música que te embala, a que oceano se prende e desprende a onda da minha vida, em que estás como rosa ou barco...? Cecília Meireles
Guimarães vai sentir saudades muitas saudades suas. Bom regresso. Muitas felicidades. Isabel S
E o .professor João B Serra não vai ter saudades de Guimarães? A saudade, como a amizade, o afecto, a cumplicidade, a lealdade só fazem sentido se forem recíprocos , se tiverem dois sentidos. Caso contrário não fazem sentido, não têm valor!
Que os ventos sejam a favor, e o mar calmo. Já que é de barco (veleiro) que a viagem se realiza.
ResponderEliminar"Daí em diante, de vez em quando, à tarde, em vez de trabalhar no escritório, trabalhava no quarto da torre onde recebia os empregados e as pessoas que o procuravam. Consigo às vezes levava Joana, a neta mais velha, que achava na torre grande aventura e mistério, e a quem ele ensinava o nome e a história dos navios.
Depois, quando queria trabalhar, dava à neta lápis e papel para que ela desenhasse enquanto ele se debruçava sobre contratos, cartas, livros, contas, relatórios.
Mas Joana desenhava pouco. Levantava a cabeça e fitava intensamente Hans pois algo na sua cara a fascinava e inquietava. E via então que também ele não trabalhava: para além da barra, para além da rebentação, os seus olhos fitavam os verdes azuis do horizonte marinho.
- Avô - disse Joana - porque é que está sempre a olhar para o mar?
- Ah! - respondeu Hans. - Porque o mar é o caminho para a minha casa."
Sophia de Mello Breyner Andresen, "Saga" in HISTÓRIAS DA TERRA E DO MAR, Porto, Figueirinhas, 2010, pp. 122-3.
Desamparo
ResponderEliminarDigo-te que podes ficar de olhos fechados sobre o meu peito,
porque uma ondulação maternal de onda eterna
te levará na exata direção do mundo humano.
Mas no equilíbrio do silêncio,
no tempo sem cor e sem número,
pergunta a mim mesmo o lábio do meu pensamento:
quem é que me leva a mim,
que peito nutre a duração desta presença,
que música embala a minha música que te embala,
a que oceano se prende e desprende
a onda da minha vida, em que estás como rosa ou barco...?
Cecília Meireles
Guimarães vai sentir saudades muitas saudades suas.
Bom regresso. Muitas felicidades.
Isabel S
E o .professor João B Serra não vai ter saudades de Guimarães? A saudade, como a amizade, o afecto, a cumplicidade, a lealdade só fazem sentido se forem recíprocos , se tiverem dois sentidos. Caso contrário não fazem sentido, não têm valor!
ResponderEliminarPertenço a Guimarães. Não tenciono partir. Quem assim leu está mail informado ou mal intencionado.
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