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Imaginem como me senti quando ouvi o relato do meu visitante a respeito do encontro com as abelhas de Nizmuddin. Ali estava um homem que tinha presenciado o que acreditava ser um milagre. Sob um dos arcos tinha visto bandos de papagaios de cores brilhantes banqueteando-se com o mel filtrado pela própria pedra tumular. O zelador do túmulo tinha insistido na necessidade de se ter cuidado para não pisar alguma abelha extraviada, receando que as condições ideais que cercavam o túmulo do imperador fossem alteradas. Era como se o túmulo tivesse uma aura de santidade que o diferenciasse de outras edificações.
[...]
Foi só então que comecei a entender por que visitantes como ele andavam constantemente de um lugar para o outro, procurando sempre, esperando descobrir o que outros antes deles não tinham conseguido.
James Cowan, O Sonho do Cartógrafo. Meditações de Fra Mauro na Corte de Veneza do Século XVI. Lisboa, Temas e Debates, 2000, p. 39-40.
Qualquer que seja a realidade, a realidade é outra...
ResponderEliminarDOS EXTREMOS QUE PODE DESEJAR UM VIAJANTE CURIOSOS A FIM DE DESCOBRIR AS NOVAS NOVIDADES
ResponderEliminar"Quer ver uma perdiz chocar um rato,
Quer ensinar a um burro anatomia,
Exterminar de Goa a senhoria,
Ouvir miar um cão, ladrar um gato:
Quer ir pescar um tubarão no mato,
Namorar nos serralhos da Turquia,
Escaldar uma perna em água fria,,
Ver uma cobra castiçar c'um pato:
Quer ir num dia de Surrate a Roma,
Lograr saúde sem comer dois anos,
Salvar-se por milagre de Mafoma (...)"
Bocage, OBRAS DE BOCAGE, Porto, Lello & Irmão Editores, 1968, p.295