Tal como Noé, também Amaro "fez fazer hūa nave muy boa e forte o mais que pode e como foy de todo cõprida ha guarneceo muy bem de viandas e de todo o que lhe fazia mester. E desque foy bem aparelhada entrou o bemaventurado Amaro com toda sua companha e alçarom vella..."
Este é um doses símbolos mais ricos da tradição judeo-crustã: salvaguarda da espécie humana, sinal da presença de Deus, santuário onde os hebreus guardam a arca da aliança feita com a divindade. Preservando a raça humana, a arca de Noé transforma-se no refúgio e salvaguarda do conhecimento anterior ao dilúvio.
Em várias culturas a barça aparece ligada à ultima viagem do homem. Neste contexto, Bachelard relaciona a água com a barca e com o culto da árvore funerária.
Este é um doses símbolos mais ricos da tradição judeo-crustã: salvaguarda da espécie humana, sinal da presença de Deus, santuário onde os hebreus guardam a arca da aliança feita com a divindade. Preservando a raça humana, a arca de Noé transforma-se no refúgio e salvaguarda do conhecimento anterior ao dilúvio.
Em várias culturas a barça aparece ligada à ultima viagem do homem. Neste contexto, Bachelard relaciona a água com a barca e com o culto da árvore funerária.
Maria Clara Almeida Lucas, "A Cidade Celeste na Hagiografia Medieval Portuguesa", in O Imaginário da Cidade. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian/ACARTE, 1989, p. 83.
À BARCA!
ResponderEliminarArrais do Inferno:
À barca, à barca - hou lá! -,
que temos gentil maré!
Ora venha o carro à ré:
feyto, feyto, bem está.
Vai allí, muytieramá,
e atesa aquelle palanco,
e despeja aquelle banco,
pera a gente que virá.
À barca, à barca, hu!...
Asinha, que se quer yr!
Oh que tempo de partir,
louvores a Berzebu!
Ora - sus! - que fazes tu?...
Despeja todo esse leyto.
Companheiro:
Em bonora: logo he feyto.
Diabo:
Abayxa aramá esse cu.
Faze aquella poja lesta,
e alija aquella driça.
Companheiro:
Ó caça, ó ciça!
Diabo:
Oh que caravela esta!
Põe bandeyras, que he festa!
Verga alta, âncora a pique!
Gil Vicente, AUTO DA BARCA DO INFERNO, IN OBRAS COMPLETAS, Porto, Livraria Civilização. 1979, pp. 56-57.