Pescador da barca bela, Onde vás pescar com ela Que é tão bela, Ó pescador!
Deita o lanço com cautela, Que a sereia canta bela. Mas cautela, Ó pescador! Não se enrede a rede nela, Que perdido é remo e vela Só de vê-la, Ó pescador.
Pescador da barca bela, Inda é tempo, foge de ela Foge de ela, Ó pescador!
GÂNDARA
ResponderEliminarVai na lagoa um cheiro de maré,
cheiro de juncos, o que a tarde teve.
Mulheres da monda mondam na maré,
de joelhos nus, ao sol dum dia breve.
Aquieta-se em modorra a planície,
os olhos das mulheres gotejam de sono.
É quase raiva a praga que se disse
à carne arrepiada do outono.
Asas descem o dia, um olhar estreita
aves e campos. Sob os céus doirados,
juncos colhidos a um sol de mágoa.
Corre a lagoa um frio de maleita.
E coras. Os sapos abismados
espreitam teus seios pelo espelho de água.
Carlos de Oliveira, TURISMO, Coimbra, Novo Cancioneiro, 1942.
Pescador da barca bela,
ResponderEliminarOnde vás pescar com ela
Que é tão bela,
Ó pescador!
Deita o lanço com cautela,
Que a sereia canta bela.
Mas cautela,
Ó pescador!
Não se enrede a rede nela,
Que perdido é remo e vela
Só de vê-la,
Ó pescador.
Pescador da barca bela,
Inda é tempo, foge de ela
Foge de ela,
Ó pescador!
Almeida Garrett