Amor como em casa
Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.
Manuel António Pina, Poesia Reunida. Lisboa, Assírio & Alvim, 2001, p. 36
Hospedo-me hoje nesta cabana
amanhã serei hóspede
da lua
José Tolentino Mendonça, A PAPOILA E O MONGE, Lisboa, Assírio & Alvim, 2013, p. 62.