Quando se deixa Cherman, cavalga-se sete dias por caminhos
muito difíceis; e dir-vos-ei como. Caminha-se três dias sem se encontrar água,
a não ser esverdeada, salgada e amarga; quem bebesse apenas uma gota, ficaria
com distúrbios intestinais, quem comesse um grão daquele sal, que se faz dessa
água, teria a mesma sorte; e por isso leva-se bebida para todo aquele caminho.
Apenas os animais bebem aquela água com muito custo e para não morrerem de
sede. Nestes três dias de caminho não se encontra nenhuma habitação, e tudo é
deserto e árido; não há animais porque não teriam nada para comer.
Ao fim destes três dias encontra-se um outro lugar, que dura
quatro jornadas, nem mais nem menos, feito como as três, onde há burros
selvagens. No fim destas quatro jornadas termina o reino de Charman e entra-se
na cidade de Cobinan.
Marco Pólo, Viagens. Lisboa, Assírio & Alvim, 2008, p.
40-41.
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