Evidentemente que eu estou no decorrer de uma viagem de comboio. A palavra forte não é viagem de comboio, mas no decorrer de. O sol ilumina metade do livro, cortando a página em luz e sombra. Com a trepidação, a minha mão transportada no comboio treme, e a pequena garrafa com água para beber, tomba.
Do ponto de vista dos meus olhos, esta é uma história não humana, entre coisas, uma menos-valia que decidi contar, porque pô-la a nu equivale a libertá-la da sua morte inglória e banal.
Não verteu a água, mas mudou a posição dentro da garrafa. Oscilou, estendeu-se à superfície tendo por horizonte apenas os meus olhos. Esse fenómeno simples foi visto por um outro que o escreveu.
O universo multiplica-se com a descrição minuciosa e atenta da viagem.
Maria Gabriela Llansol, O Jogo da Liberdade da Alma. Lisboa, Relógio de Água, 2003, p. 13.
sexta-feira, 31 de maio de 2013
quinta-feira, 30 de maio de 2013
Amar. Mia Couto
Amar - disse ele - é estar sempre chegando.
Mia Couto, Venenos de Deus Remédios do Diabo. As Incuráveis Vidas de Vila Cacimba. Lisboa, Caminho, 2008, p. 106
Mia Couto, Venenos de Deus Remédios do Diabo. As Incuráveis Vidas de Vila Cacimba. Lisboa, Caminho, 2008, p. 106
quarta-feira, 29 de maio de 2013
Antes de um agorinha. Mia Couto
Meu avô, nesse dias, me levava rio abaixo, enfilado em seu pequeno concho. Ele remava, devagaroso, somente raspando o remo na correnteza. o barquito cabecinhava, onda cá, onda lá, parecendo ir mais sozinho que um tronco desabandonado.
- Mas vocês vão onde?
Era a aflição da minha mãe. O velho sorria. Os dentes, nele, eram um artigo indefinido. Vovô era dos que se calam por saber e conversam mesmo sem nada falarem.
- Voltamos antes de um agorinha, respondia.
Nem eu sabia o que ele perseguia.
Mia Couto, Estórias Abensonhadas. Lisboa, Caminho, 1994. p. 13
- Mas vocês vão onde?
Era a aflição da minha mãe. O velho sorria. Os dentes, nele, eram um artigo indefinido. Vovô era dos que se calam por saber e conversam mesmo sem nada falarem.
- Voltamos antes de um agorinha, respondia.
Nem eu sabia o que ele perseguia.
Mia Couto, Estórias Abensonhadas. Lisboa, Caminho, 1994. p. 13
terça-feira, 28 de maio de 2013
Na cidade. Mia Couto
Quando ouviu dizer que eu ia à cidade, Vovó Ndzima emitiu as maiores suspeitas:
- E vai ficar em casa de quem?
- Fico no hotel, avó.
- Hotel? Mas é casa de quem?
Explicar, como? Ainda ensaiei: de ninguém, ora. A velha fermentou nova desconfiança: uma casa de ninguém?
- Ou melhor, avó: é de quem paga - palavreei, para a tranquilizar.
Porém só agravei - um lugar de quem paga? E que espíritos guardam uma casa como essa?
[...] E franziu a voz:
- E, lá, quem lhe faz o prato?
- Um cozinheiro, avó.
-Como se chama esse cozinheiro?
Ri, sem palavra. Mas, para ela, não havia riso, nem motivo. Cozinhar é o mais privado e arriscado acto. No alimento se coloca ternura ou ódio. Na panela se verte tempero ou veneno. Quem assegurava a pureza da peneira e do pilão? Como podia deixar eu essa tarefa, tão íntima, ficar em mão anónima? Nem pensar, nunca tal se viu, sujeitar-se a um cozinhador que nem o rosto se conhece.
- Cozinhar não é serviço, meu neto - disse ela - Cozinhar é um modo de amar os outros.
Mia Couto, O Fio das Missangas. Lisboa, Caminho, 2004, p. 127-128.
- E vai ficar em casa de quem?
- Fico no hotel, avó.
- Hotel? Mas é casa de quem?
Explicar, como? Ainda ensaiei: de ninguém, ora. A velha fermentou nova desconfiança: uma casa de ninguém?
- Ou melhor, avó: é de quem paga - palavreei, para a tranquilizar.
Porém só agravei - um lugar de quem paga? E que espíritos guardam uma casa como essa?
[...] E franziu a voz:
- E, lá, quem lhe faz o prato?
- Um cozinheiro, avó.
-Como se chama esse cozinheiro?
Ri, sem palavra. Mas, para ela, não havia riso, nem motivo. Cozinhar é o mais privado e arriscado acto. No alimento se coloca ternura ou ódio. Na panela se verte tempero ou veneno. Quem assegurava a pureza da peneira e do pilão? Como podia deixar eu essa tarefa, tão íntima, ficar em mão anónima? Nem pensar, nunca tal se viu, sujeitar-se a um cozinhador que nem o rosto se conhece.
- Cozinhar não é serviço, meu neto - disse ela - Cozinhar é um modo de amar os outros.
Mia Couto, O Fio das Missangas. Lisboa, Caminho, 2004, p. 127-128.
quinta-feira, 23 de maio de 2013
Foi esta a nossa vida e a nossa viagem. Fernando Pessoa
Meu coração tardou
Meu coração tardou. Meu coração
Talvez se houvesse amor nunca tardasse;
Mas, visto que, se o houve, o houve em vão,
Tanto faz que o amor houvesse ou não.
Tardou. Antes, de inútil, acabasse.
Meu coração postiço e contrafeito
Finge-se meu. Se o amor o houvesse tido,
Talvez, num rasgo natural de eleito,
Seu próprio ser do nada houvesse feito,
E a sua própria essência conseguido.
Mas não. Nunca nem eu nem coração
Fomos mais que um vestígio de passagem
Entre um anseio vão e um sonho vão.
Parceiros em prestidigitação,
Caímos ambos pelo alçapão.
Foi esta a nossa vida e a nossa viagem.
Novas Poesias Inéditas. Fernando Pessoa. (Direcção, recolha e notas de Maria do Rosário Marques Sabino e Adelaide Maria Monteiro Sereno.) Lisboa: Ática, 1973 (4ª ed. 1993). p. 87.
Meu coração tardou. Meu coração
Talvez se houvesse amor nunca tardasse;
Mas, visto que, se o houve, o houve em vão,
Tanto faz que o amor houvesse ou não.
Tardou. Antes, de inútil, acabasse.
Meu coração postiço e contrafeito
Finge-se meu. Se o amor o houvesse tido,
Talvez, num rasgo natural de eleito,
Seu próprio ser do nada houvesse feito,
E a sua própria essência conseguido.
Mas não. Nunca nem eu nem coração
Fomos mais que um vestígio de passagem
Entre um anseio vão e um sonho vão.
Parceiros em prestidigitação,
Caímos ambos pelo alçapão.
Foi esta a nossa vida e a nossa viagem.
Novas Poesias Inéditas. Fernando Pessoa. (Direcção, recolha e notas de Maria do Rosário Marques Sabino e Adelaide Maria Monteiro Sereno.) Lisboa: Ática, 1973 (4ª ed. 1993). p. 87.
quarta-feira, 22 de maio de 2013
terça-feira, 21 de maio de 2013
Um estame de sangue. Vitorino Nemésio
Regresso
Cavalo e cavaleiro o vento adornam
Com uma pata e uma pluma:
À tarde unidos tornam,
Um estame de sangue numa rosa de espuma.
Tanta pressa, afinal, para coisa nenhuma.
Vitorino Nemésio
Cavalo e cavaleiro o vento adornam
Com uma pata e uma pluma:
À tarde unidos tornam,
Um estame de sangue numa rosa de espuma.
Tanta pressa, afinal, para coisa nenhuma.
Vitorino Nemésio
segunda-feira, 20 de maio de 2013
E tudo era possível. Cristina Nobre e Ruy Belo
Na minha juventude antes de ter saído
da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido
Chegava o mês de maio era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido.
E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer
Só sei que tinha o poder duma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer
Ruy Belo
A publicação deste poema tem uma razão suplementar (para lá
da referencia ao tema da viagem): ele foi referido pela Professora Cristina
Nobre, minha colega do Instituto Politécnico de Leiria) na sessão em que a
convite da Associação para o Desenvolvimento de Leiria, do Instituto
Politécnico de Leiria e do Jornal de
Leiria, falei da experiência de Guimarães Capital Europeia da Cultura, no
dia 12 de Abril passado.
Já por diversas vezes sublinhei o apreço e admiração
intelectuais que tenho por Cristina Nobre [http://oqueeuandei.blogspot.pt/2009/10/lancamento-de-livro-de-ricardo-vieira.html
e http://oqueeuandei.blogspot.pt/2009/01/confiana-na-escola-pblica.html],
mas deste vez peço um pouco mais de espaço para lhe agradecer com emoção o
gesto afectuoso que nessa noite me dispensou. Cristina disse parte do poema
acima transcrito para sublinhar a percepção que formara sobre o papel da
vontade e do empenho das pessoas no sucesso do projecto de Guimarães (“Só sei
que tinha o poder duma criança/ entre as coisas e mim havia vizinhança/ e tudo
era possível era só querer”). E disse-o muito bem, da forma competente e
generosa que já lhe tinha escutado.
Teve que sair mais cedo da sessão, que se prolongou pela
noite, e já não a pude encontrar no final, para tentar responder pessoalmente
ao repto que me lançou sobre o regresso às funções docentes no IPL . Com
surpresa, recebi então um livro que deixara para me ser entregue. Tratava-se do
inventário do Espólio da Casa-Museu Afonso Lopes Vieira, em S. Pedro de Moel,
recentemente editado, sob sua coordenação.
Cristina tem dedicado um imenso
labor ao estudo da vida e obra daquele escritor e poeta, com quem partilha aliás
diversas afinidades, uma das quais o encanto por S. Pedro. Não resisto a tornar
publico aqui a dedicatória que inscreveu no livro que me ofereceu.
Cristina Nobre é também uma notável escritora, que conheço
das suas crónicas na imprensa e do poema da sua autoria que já lhe ouvi dizer. Com
um abraço reconhecido, aqui fica o que inseriu como proémio ao Lugar Literário de S. Pedro de Moel.
domingo, 19 de maio de 2013
Criei-me com as brisas frescas. Manuel Mendes
Eu também sou ribeirinho. A luz primeira que vi foi na reverberação das águas. Criei-me com as brisas frescas que sopram do meu rio, mas nasci à beira de um grande estuário, que mais parece um braço de mar, em que às vezes, nos dias de temporal, as ondas se encapelam, e as águas são sempre salgadas. A minha cidade remira-se no largo espelho do Tejo, a vaidosa, como debruçada sobre a superfície de um vasto lago. É por isso surpreendente de graça, mas as coisas perdem-se ma imensidão, distanciam-se, soçobram - deixam de ter as proporções familiares que tocam mais o coração do homem. Digam o que disserem, um rio torna-se íntimo, chegado a nós, quando se ouve correr e quando se pode falar de uma para a outra margem, gritar ao vizinho da casa e frente: - deixa que eu vou aí no meu batel..
O Douro, na força da sua impressionante grandeza, tem ao mesmo tempo o que quer que seja de caseiro - rio gigantesco que não deixa por isso de se mostrar familiar, chegando ao intimo viver dos homens. Percorre-se no seu curso, em que de quando em quando se põe irado ou apenas resmungão, mas a cada passo os olhos se nos prendem em qualquer sinal de vida próxima, que se vê e ouve latejar - povoado ou quinta isolada, as curvas admiráveis que faz a estrada, o penacho de fumo o silvo do comboio, a sombra apetitosa de uma mata, o muro grosso de um naseiro donde os pescadores deitam a rede, perto da margem um desses humildes casais de viver, pequena barquinha de toldo em que habita gente, ou então o belo barco que passa de vela aberta, a subir o rio, levado pelo vento da barra... De cá para lá todos se saúdam, todos se conhecem naquela estrada de água. E no decurso da viagem vamos tendo notícia da mutação das coisas - do que a terra vale, do que os homens vivem, de como aqui a natureza e o trabalho se mostram amáveis, e ali se tornam no tormento, na aflição de cada hora e cada instante.
Manuel Mendes, Roteiro Sentimental. Douro. Museu do Douro, 2002 [1a edição 1964] p. 41.
O Douro, na força da sua impressionante grandeza, tem ao mesmo tempo o que quer que seja de caseiro - rio gigantesco que não deixa por isso de se mostrar familiar, chegando ao intimo viver dos homens. Percorre-se no seu curso, em que de quando em quando se põe irado ou apenas resmungão, mas a cada passo os olhos se nos prendem em qualquer sinal de vida próxima, que se vê e ouve latejar - povoado ou quinta isolada, as curvas admiráveis que faz a estrada, o penacho de fumo o silvo do comboio, a sombra apetitosa de uma mata, o muro grosso de um naseiro donde os pescadores deitam a rede, perto da margem um desses humildes casais de viver, pequena barquinha de toldo em que habita gente, ou então o belo barco que passa de vela aberta, a subir o rio, levado pelo vento da barra... De cá para lá todos se saúdam, todos se conhecem naquela estrada de água. E no decurso da viagem vamos tendo notícia da mutação das coisas - do que a terra vale, do que os homens vivem, de como aqui a natureza e o trabalho se mostram amáveis, e ali se tornam no tormento, na aflição de cada hora e cada instante.
Manuel Mendes, Roteiro Sentimental. Douro. Museu do Douro, 2002 [1a edição 1964] p. 41.
sábado, 18 de maio de 2013
Iremos juntos separados. Eugénio de Andrade
Viagem
Iremos juntos separados,
as palavras mordidas uma a uma,
taciturnas, cintilantes
- ó meu amor, constelação de bruma,
ombro dos meus braços hesitantes.
Esquecidos, lembrados, repetidos
na boca dos amantes que se beijam
no alto dos navios;
desfeitos ambos, ambos inteiros,
no rasto dos peixes luminosos,
afogados na voz dos marinheiros.
Eugénio de Andrade
Iremos juntos separados,
as palavras mordidas uma a uma,
taciturnas, cintilantes
- ó meu amor, constelação de bruma,
ombro dos meus braços hesitantes.
Esquecidos, lembrados, repetidos
na boca dos amantes que se beijam
no alto dos navios;
desfeitos ambos, ambos inteiros,
no rasto dos peixes luminosos,
afogados na voz dos marinheiros.
Eugénio de Andrade
sexta-feira, 17 de maio de 2013
quinta-feira, 16 de maio de 2013
Fiz a viagem, comprei o inútil, achei o incerto. Álvaro de Campos
Canção à inglesa
Cortei relações com o sol e as estrelas, pus ponto no mundo.
Levei a mochila das coisas que sei para o lado e p'ro fundo
Fiz a viagem, comprei o inútil, achei o incerto,
E o meu coração é o mesmo que fui, um céu e um deserto
Falhei no que fui, falhei no que quis, falhei no que soube.
Não tenho já alma que a luz me desperte ou a treva me roube,
Não sou senão náusea, não sou senão cisma, não sou senão ânsia
Sou uma coisa que fica a uma grande distância
E vou, só porque o meu ser é cómodo e profundo,
Colado como um escarro a uma das rodas do mundo.
1-12-1928
Álvaro de Campos, Livro de Versos. Fernando Pessoa. (Edição crítica. Introdução, transcrição, organização e notas de Teresa Rita Lopes.) Lisboa: Estampa, 1993. p. 90.
Cortei relações com o sol e as estrelas, pus ponto no mundo.
Levei a mochila das coisas que sei para o lado e p'ro fundo
Fiz a viagem, comprei o inútil, achei o incerto,
E o meu coração é o mesmo que fui, um céu e um deserto
Falhei no que fui, falhei no que quis, falhei no que soube.
Não tenho já alma que a luz me desperte ou a treva me roube,
Não sou senão náusea, não sou senão cisma, não sou senão ânsia
Sou uma coisa que fica a uma grande distância
E vou, só porque o meu ser é cómodo e profundo,
Colado como um escarro a uma das rodas do mundo.
1-12-1928
Álvaro de Campos, Livro de Versos. Fernando Pessoa. (Edição crítica. Introdução, transcrição, organização e notas de Teresa Rita Lopes.) Lisboa: Estampa, 1993. p. 90.
quarta-feira, 15 de maio de 2013
terça-feira, 14 de maio de 2013
segunda-feira, 13 de maio de 2013
domingo, 12 de maio de 2013
Avião de Lisboa para o mundo. Alexandre O'Neill
Soneto
No céu duma tristeza cor de farda,
uma angústia de nuvens se desenha.
O amor já morreu: que o tempo venha
Desmantelar o que a memória guarda.
Jogai! jogai! Quem não jogar não ganha
Nem perde. É a última cartada.
Eu aposto na vida, mesmo errada.
Talvez outro destino me sustenha.
Avião de Lisboa para o mundo,
Apaga-me a tristeza com as asas,
Tão nítidas no céu em que me afundo!
Depois desaparece atrás das casas
E deixa-me o azul, o azul profundo,
E duas nuvens de razão tocadas.
Alexandre O'Neill
No céu duma tristeza cor de farda,
uma angústia de nuvens se desenha.
O amor já morreu: que o tempo venha
Desmantelar o que a memória guarda.
Jogai! jogai! Quem não jogar não ganha
Nem perde. É a última cartada.
Eu aposto na vida, mesmo errada.
Talvez outro destino me sustenha.
Avião de Lisboa para o mundo,
Apaga-me a tristeza com as asas,
Tão nítidas no céu em que me afundo!
Depois desaparece atrás das casas
E deixa-me o azul, o azul profundo,
E duas nuvens de razão tocadas.
Alexandre O'Neill
Aquila. 8 a 11 de Maio de 2013
No Parque do Castelo, no Dia da Europa:
A cidade suburbana
Sem título
Segurança:
Auditório oferecido pelo município de Trento, projecto de Renzo Piano (inaugurado no final de 2012)
Entrevistas: da vereadora da cultura de Aquila, Senadora Stafanie Pezzopane e do director executivo de Guimarães 2012, Carlos Martins.
Praça (central) Duomo:
Castelo
Dia da Europa:
Cartazes:
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