Ao que a noite estrelada, no seu termo
gera e embala, incendiando,
ao Sol, ao Sol suplico
que isto anuncie:
onde, onde se encontra
o filho de Alcmena. Oh, tu, que com fulgor
brilhante resplandeces, diz-me
se nos pônticos estreitos
ou apoiado nos dois continentes. Diz-me,
tu que tens o olhar mais potente.
Em seu aflito coração vejo
Quénia disputada Dejanira,
qual pobre pássaro,
nunca adormece a angústia
das pálpebras já sem lágrimas, mas
alimentando o receio
com a demora, pela lembrança
constante do marido, se consome
sem esposo no ansioso leito,
funesto destino esperando, infeliz.
Do mesmo modo que muitas são
as ondas que no vasto mar
podem ver-se, indo e vindo, arrastadas
pelo infatigável Noto ou pelo Bóreas
assim ao descendente de Cadmo
voltam e aumentam
as fadigas da vida, qual pélago
cretense. Mas algum deus
se afasta certamente, sem se perder,
da mansão de Hades.
As estas tuas amáveis queixas
contrárias coisas trarei.
Digo-te que não deves
esgotar a esperança
favorável, pois o rei
que tudo ordena, o Crónida,
aos mortais não reserva
Um destino sem dor.
Mas antes, ora a pena,
ora o prazer, pois todos
dão voltas como os caminhos
circular da Ursa.
Sofocles, "A procura do viajante". Antologia da Poesia Grega Clássica. Tradução e notas complementares de Albano Martins. Lisboa, Portugalia Editora, 2009. P. 260-261.
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