quarta-feira, 14 de maio de 2014

A partir do dia em que Colombo desembarcou nas ilhas. Eduardo Lourenço

A partir do dia em que Colombo desembarcou nas ilhas que na sua imaginação tinham um outro nome, os nossos laços de europeus com as novas terras e, ainda mais, com as novas gentes, estavam condenadas a uma ambiguidade sem saída. Mesmo inextricáveis, esses laços, antes de poderem ser a expressão natural da comunicação humana, tornaram-se "nós" que o tempo, em vez de desatar, só reforçou ainda mais. As relações que se estabeleceram então, entre Índios e Europeus, mudaram em profundidade a natureza e a identidade de uns e de outros. Mas não repentinamente, nem da mesma maneira. Com o tempo, a Europa e a América tornaram-se como que uma espécie de espelho mútuo, absorvendo e recusando, simultaneamente, a imagem partida em pedaços que elas reenviam uma à outra.

Eduardo Lourenço, "A Morte de Colombo", in Do Colonialismo Como Nosso Impensado. Organização e prefácio de Margarida Calafate Ribeiro e Roberto Vecchi. Lisboa, Gradiva, 2014, p. 328.

23 comentários:

  1. O índio
    1

    Entra e vê como alguém está à espreita,
    como olha de esguelha através da floresta,
    como procura em vão apagar os sinais
    desses touros vermelhos do cotidiano.

    Entra e vê como se cumprirão as escrituras
    de tudo isso que se fez verbo e protocolo
    e que se vai amontoando nos sambaquis
    como relíquias dos filhos de tupã.

    Tudo isso que te faz verbo e protocolo
    e que te vai roendo e te fazendo sonoro:
    harpa de vento pendurada na mangueira,
    santo de pau oco num altar barroco.

    2

    Entra e vê os mil pequenos entraves
    e depois escuta, põe teu ouvido no chão:
    e a música da minha flauta transversa
    ou da minha flauta mambi -
    dessas de índio brasileiro,
    de cócoras,
    distraindo a solidão das borboletas.


    É a música da minha flauta transversa
    que talvez te atravesse e te acorde
    no meio do oceano:
    ela vai demarcar a tua área,
    vai erguer as paredes de tua ocasa,
    reunir teus peixes, bichos, carrapatos,
    curar a tua maleita, tua doença de branco
    e te fazer sonhar com a voz de uma iara
    esquecida numa curva de rio
    ou num grotão de cerrado.

    Mas vai também te vestir de penas,
    como se fosses mesmo o inesperado chefe
    de uma tribo perdida na linguagem.


    3

    Sou mesmo um índio: boto meu ouvido
    no chão e fico assim a tarde inteira,
    quem sabe se até meio distraindo
    na conversa de amor de uma estrangeira.

    Sou capaz de escutar o vôo do inseto
    e a canção da semente germinando;
    meu poder de captar o longiperto
    me transforma em tupã, de vez em quando.

    E eu vejo tudo: o mais pequeno galho
    quebrado numa trilha - um rasto, brecha,
    um aceno de luz, qualquer atalho,
    vulto entre folhas, deslizar de flecha.

    Meto sempre o nariz, descobrindo
    a forma, a cor, o som, algum sinal
    do que ficou sem cheiro, algum resíduo
    do que ficou sem tempo, como um saldo.

    Pelas pontas dos dedos é que enxergo
    o outro lado das coisas - o sem-nível,
    a imagem veludosa com seu verbo,
    seu corte de navalha no invisível.

    Na minha língua o rubro da papoula
    ainda sabe o mel e ainda canta:
    tenho um gosto de sol no céu da boca,
    tenho um travo de beijo na garganta.

    Então sou mesmo um índio: deito o ouvido
    na curva de teu ventre e à tarde inteira
    quem sabe se eu não ando comovindo
    um coração batendo à brasileira.

    Gilberto Mendonça Teles
    (Lisboa, julho de 1985)

    Do livro: Hora aberta (Poemas reunidos), José Olympio/INL - 1986, RJ/DF

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  2. "No. Lo ideal, lo perfecto, para compactar la fe cristana en el viejo y nuevo mundo, hallándose en ello un antídoto contra las venenosas ideas filosóficas que demasiados adeptos tenían en América, sería un santo de ecuménico culto, un santo de renombre ilimitado, un santo de una envergadura planetária, incontrovertible, tan enorme que, mucho más gigante que el legendário Coloso de Rodas, tuviese un pie assentado en esta orilla del Continente y el outro en los finisterres europeos, abarcando com la mirada, por sobre el Atlántico, la extensíon de ambos hemisférios. Un San Cristóbal, Christophoros, Porteador de Cristo, conocido por todos, admirado por los puelos, universal en sus obras, universal en su prestigio. Y, de repente, como alumbrado por una iluminacíon interior, pensó Mastai en el ran Almirante de Fernando e Isabel. Com los ojos fijos en el cielo prodigiosamente estregado, espero una respuesta a la pergunta que de sus lábios se había alzado. Y créyo oír el verso de Dante:
    «Nada te digo, para que busques en ti mismo.»"

    Alejo Carpentier, in El Arpa y la Sombra

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  3. Pimpinela Escarlate14/05/14, 02:31

    PREGÃO DO ACHAMENTO DE NOVAS TERRAS

    E fazemos saber, pelo mando de quem pode e manda neste como em outros continentes cruzados e por cruzar, que a partir da hora deste achamento, em que a Lua enchendo faz da noite dia, fomos tomados do desejo de pôr pé no chão e sair a terreiro.
    Quem, em devidos tempos, vier a ter a fortuna de gozar de nossas boas manhas ou a sorte infeliz de sofrer de nossas malas artes, será sabedor das formas por que, de jeito em trejeito, nos tiverem por bem capazes no desatar de imbróglios, no desfazer de males feitos e de malfeitores, no poupar reputações e salvar cabeças daquelas muitas por que estará esperando, batendo no chão o pé impaciente, Madame de Guillotin.
    Assim, posta de parte a segurança dos túneis (ah! se os houvera então por sob as águas do canal!...) e o conchego dos porões, vimos a este terreiro, enluarado embora, dar voz ao pregão que encomendado nos foi.
    A partir desta noite que se faz dia, ficai sabendo, autor, leitores e comentadores - nónimos e anónimos mas tão unânimes! - deste continente que Eles vêm chegando, visto que tudo está a acontecer a Oeste, terra de bons, de maus e de vilãos, como todas são. A esta, em particular, têm vindo alguns com suas verdades e fantasias, imagens, escritas e escrituras, suas honestas tenções e ínvias tentações.
    Ficai, agora, sabedores que Eles estão chegando. Tardam ainda, mas ver-se-ão espelhados. Vão já caindo de um beirado a haver as gotas de chuva que parecem mas não serão sempre a mesma. Batucam no rebordo do chapéu que nos cobre e defende. Sem penacho. Tão discreto como nossos são o gosto e a necessidade.
    Laços, ainda não. Mas o nó está dado.

    O pregoeiro: Pimpinela Escarlate
    IN BIBLIOTECA COMUM

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  4. Quer dizer, por conseguinte, que a poesia é uma imitação de imitações e criadoras de vãs aparências .
    Este mesmo problema assume excepcional relevo em Aristóteles, pois na Poética claramente se afirma que “a Poesia é mais filosófica e mais elevada do que a História, pois a Poesia conta de preferência o geral e, a História, o particular” . Por conseguinte, enquanto Platão condena a mimese poética como meio inadequado de alcançar a verdade, Aristóteles considera-a como instrumento válido sob o ponto de vista gnosiológico: o poeta, diferentemente do historiador, não representa fatos ou situações particulares; o poeta cria um mundo coerente em que os acontecimentos são representados na sua universalidade, segundo a lei da probabilidade ou da necessidade, assim esclarecendo a natureza profana da ação humana e dos seus móbeis. O conhecimento assim proposto pela obra literária atua depois no real, pois se a obra poética é “uma construção formal baseada em elementos do mundo real”, o conhecimento proporcionado por essa obra tem de iluminar aspectos da realidade que a permite.
    Aguiar e Silva, Vitor Manuel de. Teoria da Literatura. São Paulo: Martins Fontes, 1976. 1ª ed. Brasileira.

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    1. Nota: Entenda-se como "poesia" o texto literário, incluindo o romance histórico.

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    2. Pimpinela Escarlate14/05/14, 14:57

      Sim, Deolinda, os belos romances históricos lidos na juventude e não mais esquecidos. Como os textos fílmicos que nos deixam, mais do que a memória das sequências, dois gestos, um som, um jogo de castanhos e azuis, "alegremente exactos".
      Como deixou escrito Demócrito de Abdera, em A CRIAÇÃO de Gore Vidal: "Os primeiros princípios do Universo são os átomos e o espaço vazio; tudo o resto é meramente pensamento humano. Os mundos como o nosso são ilimitados em número. Nascem e morrem. Mas nada pode aceder ao ser partindo do que não existe." [...] "A causa das coisas acederem à existência é a espiral a que chamo necessidade; e tudo acontece segundo a necessidade. Deste modo, a criação é constantemente criada e recriada."

      O pregoeiro
      IN BIBLIOTECA COMUM

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  5. No poema, a última estrofe, tem uma gralha. Deve ser "comouvindo", ou seja, comover + ouvindo... Desculpa... estou a dar muito trabalho...

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  6. " Minha aldeia mairum, rominha minha, fonte minha, raiz minha, me espera, lá vou! Vou voltando com pressa no bojo deste avião que corta o ar por cima do mar oceano. Anos faz que eu o atravessei num navio, indo, olhando de perto essas águas moventes, salsas, verdes, gordas, imensas. Volto, agora, por cima, voando leve como pássaro. Volto homem, volto só. Volto despojado de mim, do meu ser que eu era comigo, no meu eu de menino mairum que um dia fui. Quem sou? Volto em busca de mim. Não do que fui e se perdeu, mas do que teria sido se eu tivesse ficado por lá e que ainda serei, hei de ser, custe o que custar.. Ele, o outro, o futuro de mim, eu o farei, não seguindo no que sou. Ele só nascerá quando eu me desvestir de mim, do falso eu que encarno agora para deixar livre o espaço onde ele há de ser.
    Todo o dia e toda a noite já longa deste voo revivi meus idos. Os de menino na aldeia, os de rapaz no convento de Goiás, os de homem feito e desfeito em Roma. Eles me marcaram duramente. É como se eu tivesse perdido minha alma, roubada pelos curupiras, e vivido por anos a fio como bicho entre bichos. Volto, agora que volto de verdade, me perguntando quem é o ser que levo a meu povo. Sei bem que não sou o anjo sem mácula que um dia quis ser, a ingenuidade mairuna submetida a todas as provações, mas intocada. Não sou inocente. Não sou culpado. Sou um equívoco. Quem volta não é a forma adulta do menino ignorante que os mairuns, na sua inocência, mandaram, um dia, com os padres aprender a sabedoria dos Caraíbas. Quem volta não é também o catecúmeno esforçado de quem os missionários quiseram fazer a glória da Ordem. Quem volta sou apenas eu. Fui a ovelha tosquiada do senhor. Volto tosquiado: sem glória sacerdotal, sem santidade, sem sabedoria, sem nada. Tudo que tenho são duas mãos inábeis e uma cabeça cheia de ladainhas. E este coração aflito que me sai pela boca."

    Darcy Ribeiro, in Maíra

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    1. ETERNO RETORNO

      Em Santiago de Compostela, curtindo
      a mordomia de um quatro-estrelas,
      olhou enternecido o tecido da chuva
      e teve saudade do apartamento de Lisboa.

      Em Lisboa, gozando os íntimos instantes
      da temporada no céu do Lumiar,
      olhou vagamente as nuvens do Ocidente
      e teve saudade do apartamento do Brasil.

      No Rio, perseguindo alguma ninfa
      na ilha do escritório refrigerado,
      olhou por muito tempo o risco do avião
      e teve saudade da casinha de Goiás.

      Em Goiânia, voltando a ser menino
      e guardando bem fundo o carinho da mãe,
      olhou emocionado o caminho de Santiago
      e teve saudade do tempo em que estava
      vendo terras de Espanha,
      areias de Portugal.

      G. M. Teles

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    2. Senhor Anónimo, o senhor é mesmo muito arguto e perspicaz... Já sabia tudo isto ou passou o dia a meditar?! Para Macau, muitos vieram aos 12 anos e outros antes ainda... Que custosa vida!: "Tudo o que tenho são umas mãos inábeis e uma cabeça cheia de ladainhas." Que achado! Que texto magnífico! Obrigada!

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    3. Nem uma coisa nem outra. O romance Maíra, de Darcy Ribeiro, li-o há muitos anos e faz parte das minhas joias da leitura. Por razões que, aqui, não importam trazer à colação, sempre me interessei pelas questões relativas à identidade e à alteridade, ao eu e ao outro.
      Se me permite, recomendo, vivamente, a leitura de Maíra. É um romance escrito por Darcy Ribeiro, antropólogo brasileiro, que estudou a cultura índia, sobretudo, do Brasil, e que, nesta obra, nos envolve, de forma pungente, na trama do romance. O sofrimento, a perda de referências, a perda da identidade, a perda do reconhecimento dos pares, as interrogações, as dúvidas que um índio "civilizado" pelos católicos sente e vive, sofridamente.

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    4. Ah! e pretendi trazer aqui a perspetiva do outro.

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    5. E trouxe, através deste admirável excerto! Às vezes, quando me entusiamo, posso parecer agressiva. Era apenas ironia e falava comigo... como ainda não leste isto, Deolinda,... e como é que este senhor não to comentou antes? Perdoe, é só ironia mesmo... e um discurso que envereda pela pragmática... tenho que estar sempre a corrigir quando pretendo não criar ambiguidades.... desculpe...

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  7. O jogo de espelhos entre a Europa e a América é uma metáfora que descreve de modo muito eloquente a imagem recíproca e a autoimagem dos dois continentes. Vivemos uma época das imagens. A realidade faz-se reflexo das imagens que cria. Se as imagens se refletem e refratam e estilhaçam, daí resulta uma realidade muito própria.
    Merece reflexão, este texto de Eduardo Lourenço. Coloca a questão da representação e o modo como uma primeira abordagem se pode refletir no futuro.
    Com mais acuidade se coloca esta questão agora que vivemos num tempo da imagem e não num tempo do olhar, como nos diz João Barrento:
    "Nesta era da imagem da imagem que, no entanto, não é um tempo do olhar, o mundo está aí, ainda e sempre, à espera de ser... Não interpretado (o seu sentido escapar-nos-á sempre), não transformado ou revolucionado, mas simplesmente olhado com olhos de o ver, e ao que nele ainda brilha."
    Barrento, João (2011) O Mundo está cheio de deuses. Lisboa: Assírio e Alvim Editores, p. 98

    E sem espelhos de permeio, ainda para mais estilhaçados, de preferência.

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    1. A voz de Eduardo Lourenço é amarga e remete também para a nossa dúvida colectiva, que somos hoje para o outro se o mito já terminou? Que pode fazer-nos ressuscitar? A Isabel X a propósito de "As palavras e os fios" falava de um discurso épico...

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    2. Falta-nos discurso épico, sim. Falta-nos transcendência, ainda que ela se manifeste de modo imanente.
      Jorge Luís Borges, aqui (bem) trazido pela Deolinda, admirava os EUA por serem, na opinião dele, o único povo capaz de criar mitos na época contemporânea. Referia-se aos filmes, particularmente aos Westerns.
      Não tenho opinião firme sobre isso, nem sequer admiro os EUA, mas creio que é importante pensar a relação entre a Europa e a América. Além disso, creio que não vivemos sem mitos. Por cada um que morre, nasce outro. Resta saber se melhor que o anterior. Fernando Pessoa dizia que "o mito é o nada que é tudo."
      Mas o mundo aí está. Não apenas para ser olhado, mas vivido, experienciado, com todos os sentidos...

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    3. D. SEBASTIÃO, REI DE PORTUGAL

      Louco, sim, louco, porque quis grandeza
      Qual a Sorte a não dá.
      Não coube em mim minha certeza;
      Por isso onde o areal está
      Ficou o meu ser que houve, não o que há.
      Minha loucura, outros que me a tomem
      Com o que nela ia.
      Sem a loucura que é o homem
      Mais que a besta sadia,
      Cadáver adiado que procria?

      Fernando Pessoa, ele mesmo

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  8. "In the white man´s world, language, too - and the way which the white man thinks of it - has undergone a process of change. The white man takes such things as words and literatures for granted, as indeed he must, for nothing in his world is so commonplace. On every side of him there are words by the millions, na unending succession of pamphlets and papers, letters and books, bills and bulletins, commentaries and conversations. He has diluted and multiplied the Word, and words have begun to close in on him. He is sated and insensitive; his regard for language - for the Word itself - as na instrument of creation has diminished nearly to the point of no return. It may be that he will perish by the Word." (...)
    "There was only the dark infinity in which nothing was. And something happened. At the distance of a star something happened, and everything began. The Word did not come into being, but it was. It did not break upon the silence, but it was older than the silence and the silence was made of it." (...)
    "They have assumed the names and gestores of their enemies, but have held on to their own, secret souls; and in this there is a resistence and overcoming, a long outwaiting."

    N. Scott Momaday, in House Made of Dawn

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  9. A Simile

    What did we say to each other
    that now we are as the deer
    who walk in single file
    with heads high
    with ears forward
    with eyes watcgful
    with hooves always placed on firm ground
    in whose limbs there is a latent flight.

    Navarre Scott Momaday

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    1. Deve ler-se "with eyes watchful"
      Navarre Scott Momady é índio americano, criado numa reserva.
      Com o romance «House Made of Dawn» ganhou o Prémio Pulitzer, para ficção, em 1969.

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    2. Obrigada, vou ler! Vivo no meio de muitos outros. Em imersão com chineses, mas dentro de uma reserva de "foreigners" europeus, americanos e africanos... De vez em quando, como vai acontecer este mês de Maio, o IO leva-nos a todos para dar-nos a conhecer algo e para nos conhecermos também... O mais curioso é que acabo a falar português... Muitos, por razões várias, falam português... Com muita simpatia, vêm ter comigo para falar e mostrar o seu apreço por Lisboa, sobretudo...

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  10. Repeti a expressão "da imagem". Peço desculpa pelo erro!

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  11. Só eu tenho rosto?! Deveria também ter máscara? Não sei nada!!!

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