sábado, 8 de março de 2014

Viagem no labirinto. Eduardo Lourenço

Beethoven, 3ª Sinfonia, dir. Karajan, 15-XII-1973

Katajan dirigindo a 3ª de Beethoven. Como se a orquestra executasse para ele, médium, foco absorvente das vagas da orquestra, e só seu invisível senhor.
Conduz de olhos fechados, como de cor, vivendo no sentido de Baudelaire a música que nasce simultaneamente dos seus dedos e dos músicos. Espectáculo prodigiosamente romântico como se Beethoven  ressuscitasse. Sinfonia Heróica? Je veux bien. É de uma melancolia pavorosamente terna, viagem no labirinto de um ardente coração, o 2º movimento. 

Eduardo Lourenço, Tempo da Música, Música do Tempo. 2ª edição. Lisboa, Gradiva, 2012, p. 167.

1 comentário:

  1. LABIRINTO ARDENTE

    Graças à velocidade adquirida, os Franceses ainda iriam até Moscovo, mas seria aí, sem que as forças russas tivessem de fazer novos sacrifícios, que soçobrariam. perdido que fora todo o seu sangue pela ferida mortal que receberam em Borodino. Uma das consequências directas da batalha foi obrigar Napoleão, sem qualquer motivo definido, a fugir de Moscovo, a bater em retirada pela velha estrada de Smolensk, suportando a perda de um exército invasor de quinhentos mil homens e assistindo à destruição da França napoleónica, sobre a qual, pela primeira vez, em Borodino, se abatera o braço de um adversário com força moral superior.

    Leão Tolstoi, GUERRA E PAZ, Vol.II, Trad. de Isabel da Nóbrega e João Gaspar Simões, Lisboa, Europa/América,1973, p. 897.

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