Também escreveu: "Toda a vida acreditei: amor é os dois se duplicarem em um. Mas hoje sinto: ser um é ainda muito. De mais. Ambiciono, sim, ser o múltiplo de nada, Ninguém no plural. Ninguéns." Mia Couto, In O Fio das Missangas
E disse em A Voz de Moçambique, em entrevista a Luís Costa Pereira Júnior:"Nós estamos tão cheios de nós próprios quando vamos ao encontro do outro que não temos capacidade de captá-lo. É uma questão de fazer de nossa vida um rio de trocas para sermos mais felizes."
Há pouco, na esplanada, um amigo veio sentar-se junto a mim. Disse-me que tem seguido este blogue. Referiu-se em particular a este post. Conversámos sobre a importância de conjugar o verbo no gerúndio. A propósito, lembrei um poema de que lhe falei mas que não soube dizer na altura por não o saber de cór. Naturalmente, deixo-o agora aqui:
"traças devoram as linhas linha a linha dos livros, o medo devora os dias dia a dia das vidas, a idade exasperada é ir investindo nela: a morte no gerúndio"
Tão bonito!
ResponderEliminarLá está: mais do que a partida o que conta é a chegada. Mas só se chega tendo antes partido...
Também escreveu: "Toda a vida acreditei: amor é os dois se duplicarem em um. Mas hoje sinto: ser um é ainda muito. De mais. Ambiciono, sim, ser o múltiplo de nada, Ninguém no plural.
ResponderEliminarNinguéns."
Mia Couto, In O Fio das Missangas
E disse em A Voz de Moçambique, em entrevista a Luís Costa Pereira Júnior:"Nós estamos tão cheios de nós próprios quando vamos ao encontro do outro que não temos capacidade de captá-lo. É uma questão de fazer de nossa vida um rio de trocas para sermos mais felizes."
Há pouco, na esplanada, um amigo veio sentar-se junto a mim. Disse-me que tem seguido este blogue. Referiu-se em particular a este post. Conversámos sobre a importância de conjugar o verbo no gerúndio. A propósito, lembrei um poema de que lhe falei mas que não soube dizer na altura por não o saber de cór. Naturalmente, deixo-o agora aqui:
ResponderEliminar"traças devoram as linhas linha a linha dos livros,
o medo devora os dias dia a dia das vidas,
a idade exasperada é ir investindo nela:
a morte no gerúndio"
- Herberto Helder, Servidões. 2013, Porto, Assírio & Alvim, (p. 96) -
PS: mas o melhor deste livro é o texto inicial em prosa.
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